Saudosismo
Entras pela porta em passo acelerado, rumo ao balcão, mas o amador aqui és tu e já tens dois pares de olhos a seguir os teus movimentos. Chegas ao balcão e, de cabeça baixa, tentas pedir um fino como se fosses um anónimo. Ouves um valente “Olha quem ele é” e é-te proposto um shot que, educadamente, declinas (tens na memória o rumo que normalmente é conduzido pelos shots e queres poder guiar a tua noite).
Recebes o teu fino que sofregamente bebes. Recordas Leça do Balio e todas as suas virtudes, sorris e só te ocorre uma virtude – a fábrica da Unicer e o seu belo néctar. A cerveja está fresca, já não és um anónimo e estás em casa. Faltam alguns adeptos indefectíveis mas contamos com as presenças e veneramos a ausência dos que, por óbvios motivos de força maior, não podem estar presentes.
Falamos das novidades, conto quase tudo que tenho de Cork e vem mais uma rodada. A aposta era de um ano inteiro de cerveja (e eu ganhei) mas não se cobra apostas a amizades. Chega o cachorro quente e posso finalmente exclamar: cheguei! O estómago pede mais um fino, a conversa a isso obriga. Ouvimos as nossas músicas, recebemos a tradução do texto em russo e, boquiabertos, interrogamos o autor. Gargalhadas, muitas.
Aparecem cinco minis no balcão e somos conduzidos, qual asno atraído pela cenoura, a ver o mar. Olhamos para trás e o bar fechou…fomos enganados!!!! Mas amanhã é outro dia e o stock de cerveja já foi conferido antes de sairmos (jogamos pelo seguro, qual turista incauto com medo de não encontrar o oásis no deserto).
Somos amigos e estamos no processo de matar saudades.
É sempre bom voltar – 2/6/2017
Já são alguns anitos a conduzir rebanhos, noite adentro…
E, para que fique registado em acta, ano da graça de dois dezassete:
твоя двоюродная сестра, здесь, на коленях !
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Acredito que sim…senti-me como um burro a seguir a cenoura para ver o mar! (no bom sentido). Grande abraço.
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