A ver quem passa.

Abstraído do que me rodeia e completamente livre de pensamentos, decisões ou o que quer que seja que habitualmente faz o cérebro funcionar. Olhos perdidos no horizonte – sem que o enxergue – mas somente para atingir a plenitude do deixar o pensamento vaguear sem que a ação de pensar sequer exista. Olhos que se dividem entre os chapéus do cigano aqui em frente e o vestido amarelo, com tons de cinza, da mulher que se encontra em frente a mim.

Agora que constato que o texto não surgiria a menos que houvesse algum – por muito mínimo que seja – pensamento articulado que permite colocar o que se passa em palavras perceptíveis para os que, não estando presentes, consigam  perceber e visualizar o desenrolar de tudo o que descrevo, entendo que é possível divagar sem pensar ou, talvez melhor descrito, pensar enquanto se divaga com o olhar perdido. Entretanto ela levanta-se e muda de lugar.

Está ligeiramente posicionada à minha direita e o sol brilha sobre ela. O vestido parece reflectir as linhas do corpo e estar perfeitamente ajustado – como que esculpindo a silhueta e revelando a nudez que esconde. Os cabelos são compridos e os chinelos condizem com o amarelo do vestido – talvez, melhor ainda, conseguem fazer perceber que há uma intenção de fazer o conjunto rimar – numa imagem poética que, sempre que tento captar mais detalhes, sou flagrantemente apanhado a delinear o que pretendo descrever.

Tem uma cara séria, não sorridente e de poucos amigos. Como que habituada a ser observada mas jamais contente por se sentir observada. Trocamos olhares mas a expressão não se dilui da dureza que ela impõe. Os minutos passam e a hora de partir está agora mais perto. Impõe-se a pergunta: tentas que sorria ou deixas a vida continuar sem que saibas a resposta a uma pergunta que não colocaste? 

Incógnitas da vida – 22/6/2025

Profissional da pesca.

Sapatos

Foi o barulho que faziam que me fez olhar. Era um som diferente dos restantes, mais forte e ruidoso. As solas novas, o couro a brilhar, atacadores principescamente apertados…o homem desfila – de costas bem direitas e com uma pontinha de orgulho extra! 

Se há coisa que sempre acompanhei, desde puto, foi o crescimento da curiosidade pelo detalhe que, no caso anteriormente referido, foi o barulho que os sapatos faziam! Tudo o resto eram apenas mais detalhes para confirmar que efectivamente era um par de sapatos novos! O andar talvez também denunciasse – já que era um pouco arrastado e típico de quem pretende usar as solas um pouco mais rapidamente, de maneira a evitar um tombo. Um par de sapatos novos é o equivalente, para o homem, a um par de saltos altos, também no homem!

Agora que as férias são a dois, há uma série de cuidados extra a ter em conta. A adaptação aos horários de quem está a crescer muito mais rapidamente do que eu poderia prever (um sonho tornado realidade?!) A conjugação de estilos de vestir e afins – coisas com as quais nunca me preocupei ou preocuparei. Os horários partilhados entre amigas e o Pai (uma pontinha extra de orgulho no adolescente, que já tem uma vida própria paralela a uma em que julgavas poder dizer algo). Os mergulhos a dois são mais vezes repetidos e desfrutados. A cova da praia como trampolim de impulso para a onda seguinte. Uma aprendizagem feita a dois e em que, muito provavelmente, quem aprende mais…sou eu!

O banho de mangueira – uma tradição comum a quem vive perto do mar – consiste na entrada em casa feita pelo jardim, seguida de um longo banho de água gelada da mangueira que, sádica como é, começa por ser um banho quente – da água que esteve na mangueira ao sol – mas rapidamente se transforma na temperatura maravilhosa do mar de Espinho, vulgo gelado!

São estes dias os que mais valorizo no ano – os dias com o amor da minha vida!

A água está fenomenal – 26/6/2020

1yearago
Há 1 ano…o nascer do Sol em Copacabana.

A inércia da pesca…

Quando as pessoas estão a dormir nós, enquanto observadores, devemos respeitar esse sono e não incomodar – a menos que o sonho que idealizamos seja razão mais do que suficiente para arrancar a vítima do seu descanso. Infelizmente há muitos anzóis colocados na linha dos sonhos e os “peixes” que ousam sonhar, por vezes, deixam-se levar pelo engodo e, imitando os seus primos terrenos, mordem o anzol.

Há os mais fortes, mais sortudos, mais ágeis e os que, numa soma de todas essas virtudes, conseguem libertar-se do anzol mas outros, mais curiosos em saber que bicho é aquele na ponta daquela coisa brilhante, são agarrados pelo metal retorcido sem dó ou piedade! Uma questão de curiosidade fatal – bom título para um filme – em que o simples querer saber mais do peixe se transforma na refeição do pescador. A perversão de tudo o que nos é ensinado: que devemos sempre seguir, com curiosidade, aquilo que desperta em nós esse sentimento!

Enquanto agarrado ao anzol, o peixe só pensa em libertar-se! Constata o erro, assim que morde a curiosidade e começa um bailado desenfreado pela vida! Mas, nesta luta entre a natureza e o ser humano, as probabilidades do peixe são muito baixas – nem um 60/40 é, quase que o equivalente a alguém dar call a uma bet de 4BB’s com Ax na esperança de ver um A bater no flop e, mesmo após o A não ter batido, continuar a cobrir as apostas do adversário até perder as fichas todas.

Há peixes que, mercê de um bailado que deve ser ensinado no Bolshoi dos peixes, conseguem libertar-se e outros que, para gáudio de todos nós que gostamos de peixe, não conseguem. Dependendo do baile que dão, os peixes poderão ou não sobreviver. Eventualmente até haverá peixes que, com um sorriso entre guelras, saltam de boca aberta para o anzol mas não me parece que esse seja o comportamento maioritário e, certamente, não será o que o pescador espera quando, de manhã cedo, parte para a pesca.

Os linguados, esse sim, têm uma boa vida. A virar-se de frente ou costas – conforme estão na rocha ou areia – são os camaleões do fundo do mar. Certamente sabem o quão saborosos são e daí a atitude de dupla personalidade, conforme frequentam a areia ou as rochas. Com sorte, muita sorte, qualquer um de nós pode mergulhar uma mão na areia e, apertando forte, sacar um linguado mas, o que se passa a seguir é que conta: levo o linguado e como-o ou finjo não ter força para apertar e solto-o? É nessa inércia de falta de aperto que se resume todo um dia de pesca!

Quem disse que o assunto era pesca? – 5/6/2020

Da ilusão ao recomeço….

Sempre, mas mesmo sempre, tive receio de me aproximar de ti mas, no ano em que me permitiste que o silêncio cessasse, lá estava eu. Foste a maior ilusão e desilusão de 2019 mas…eu não estava preparado. Hoje, se me perguntarem, sou um homem mais regrado em tudo graças a ti mas, o mérito que te devo, é mau porque advém de uma mentira que nunca existiu.

Da imaturidade da adolescência até à idade adulta convenci-me que me tinha tornado adulto e, rodeado de ferramentas que os adultos usam, eu fui batalhar e julguei haver ganho. Mas, do amo-te ao não sei quem és vai um passo muito pequeno e, muito embora saiba assumir as ideias dos meus pecados, sei – acima de tudo – perceber demasiado bem, quais são os pecados não admitidos de outrem.

A falta de tempo, no amor e para quem realmente ama, é o maior valor que se apresenta na mesa da paixão! É simples, para quem não sente a disponibilidade, abdicar de um amor de uma vida. Com uma facilidade tão grande quanto seria o sarilho de aturar todas as vicissitudes inerentes a alguém que nem sequer sabe dominar a arte de esconder….

Não nasci para aventuras mas sim para amar e batalharei sempre para que assim seja!

Um conselho de ex-amigo? Aprende a amar e a saber reconhecer o amor e serás feliz!

O louco enamorado…-10/5/2020

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Um dia não são dias…

Há muito que aprendeste a ultrapassar as agruras da vida e, apesar delas, este foi realmente o melhor período de férias que alguma vez tive na vida adulta. Chegado a 1 de Setembro, depois de apanhar o metro e o comboio, subi a rua e encontrei o jovem de 12 anos e 364 dias a correr para os meus braços. Ele já havia ido 2 vezes à estação para ver se eu chegava…sem sucesso! Cheguei no terceiro comboio e o Samsung continuava sem conseguir registar-se numa rede portuguesa…incontactável!

Foi um abraço como só os pais que amam os filhos sabem dar e receber. Foi um agradecimento de um Pai a um filho por todo o esforço que ele tem colocado naquilo que é o emprego dele – os estudos – bem como na forma como tem evoluído socialmente, desportivamente e a maneira como define os seus objectivos futuros. Obviamente o jantar foi escolha dele e as pizzas do Tomate foram a escolha…culpa da menina Paula que lhe mostrou o sabor das ditas e imediatamente o colocou a fazer a sua própria pizza – não estive contigo desta vez, mas nunca és esquecida.

Adaptar-me a Espinho é algo que faço com um gosto que me sai naturalmente! Talvez não seja o que esperam de mim, mas o que eu quero…a t-shirt, as havaianas e o calção de banho são a indumentária mais utilizada! Furando por entre os “rurales” ainda conseguimos um dia de bastantes mergulhos e, com grande alegria, constato que já não fico gelado após o primeiro mergulho – está perdida a adaptação às águas Gregas e recuperada a adaptação às águas espinhenses.

Ri-me, como sempre o fiz, com o Luís Pires e chegamos à conclusão que já só faltam aproximadamente 28 meses até os Pais voltarem a dormir como outrora o fizeram. Debatemos os velhos métodos para adormecer crianças – o aspirador, o exaustor da cozinha, etc…apenas para chegar à conclusão que o rebento dele e da Henrieta consegue triunfar e não cede a métodos velhos de adormecimento.

Coloquei a conversa em dia com a Carla Lacerda e com o Ricardo Tavares e, retomando onde havíamos ficado da última vez, progredimos no conhecimento daquilo e daqueles que nos rodeiam. Muito recompensador e libertador. Bem hajam.

Passei tempos deliciosos com os meus primos, mãe, irmão, madrinha e padrinho “adoptado” e não consigo encontrar palavras suficientes para lhes agradecer. Terá que ser por acções. O Pedro a.k.a. “Careca” foi, como sempre, o impecável animador daquelas noites espinhenses que todos julgam que não vão dar em nada e.…dão sempre! Sempre com o acompanhamento do Roger Waters e alguns discos pedidos – alguns mesmo pirosos – de outrora. Vi a factura detalhada ser introduzida no Bombar e chorei à gargalhada com o detalhe a que se pode chegar!

Gosto muito da minha cidade e de um certo número de pessoas que a habitam. Muitos ainda procuram a sua vocação, mas, acima de tudo, são pessoas que sabem dar tudo em prol dessa palavra que é a amizade. São o que nos faz voltar e ter saudades. Bem hajam.

Sair no aeroporto de Dublin e encontrar o Quim Tó à espera da Mãe dele demonstrou-me que os espinhenses estão em todo o lado, mas os bons…merecem sempre um abraço!

Nunca digo adeus e, quem me conhece, sabe que me despeço com um “Até já”. É mais demonstrativo do desejo de voltar e de estar com aqueles que nos dizem tudo e eu não consegui estar com todos. Com os meus erros e uma ou outra virtude sempre estarei cá para vós. Se me esqueci de mencionar alguém foi por puro descuido meu, perdoem-me!

Aquele abraço, até já!

Amigos…

Muitas vezes nos questionamos quem são os nossos amigos. Interrogamo-nos, num diálogo mudo, sobre o porquê da amizade que existe entre nós e outrem e, na maioria das vezes, damos por nós a sorrir de momentos muito bem passados e relembramos então o porquê de os apelidarmos de amigos.

Hoje tive a alegria de estar com um amigo de há muitos anos. A vida separou-nos algures por volta dos nossos 22 anos – quando eu tomei uma direcção e esse amigo optou por seguir outra via! Ele estava correcto e eu errado, mas nunca deixei de o apelidar de amigo, apesar da frieza com que fui então tratado.

Ele sempre se pautou por ser uma pessoa de uma serenidade acima da média e, recordo agora, tivemos muitas conversas sobre a decisão de outrora. Talvez fosse a minha maneira de enfrentar os tempos de então, mas, na altura, a decisão errada parecia-me a mais correcta. Ainda hoje ele me recordou – sem precisar de palavras – o quão errado eu estava e, quando o fez, eu sorri como que admitindo toda a minha culpa e desculpando-me por ter escolhido a via incorrecta.

Voltamos, por breves horas, a ter 15 anos. Estávamos os mesmos 3 de outrora e sorríamos como se os anos não tivessem passado…como os putos de outrora. Há muitas recompensas na vida – algumas pelas quais trabalhamos e outras que simplesmente nos são dadas – e esta, sem qualquer margem para dúvida, foi um retroceder até aos tempos da nossa virgindade e sabermos que, apesar de termos tomado direcções opostas num anterior momento da vida, agora nos encontramos no mesmo caminho.

É bom sorrir com um amigo. Muito bom! Agora imaginem com 2….

Aquele abraço.

Visitas…a todos os que amas!

O blog recebe aquela visita de França que teima em não voltar a Cork – será que algo ainda há para dizer? Para fazer? Para concretizar? Os dias de confraternização familiar continuam e os repastos alongam-se em tempo e amena cavaqueira.

Reservas um dia específico para os copos, outro para o almoço com os primos, ainda um para a praia – que grande tareia a que levaste do Atlântico…fazes o teu caminho habitual, respiras fundo, vês pessoas que não sabias ter saudades de ver – dos teus tempos de pretenso jogador de voleibol, sorris com as histórias, dissecas as vivências e rimos em conjunto do quanto caminhamos até termos chegado aqui.

Espinho é uma cidade em que podes fazer tudo a pé e só um parolo é que usa carro (salvo pessoas com necessidades especiais). É uma cidade em que a praia dista, no máximo, uns 10 minutos a pé – para o residente mais afastado. Analisas cada novidade, fazes o teu juízo de valor que interiorizas sem revelar e continuas, de cabeça sempre voltada à procura de novos detalhes – desde a última visita.

Andas trôpego com as palavras reveladas pelos professores do teu filho – em que todos o querem ter na equipa mesmo se houver necessidade de lutar por ele – todos gostam da sua atitude, da sua sabedoria e da sua inteligência. Ressalta nas palavras deles o seu sarcasmo – do qual sou Pai – e a sua inteligência na maneira como aborda as problemáticas de vários ângulos e com várias possibilidades.

Estás contente por estares na tua terra, puto. É só isso que interessa! Diverte-te.

Aquele abraço.

As manhãs

Acordas com o ruído dos vizinhos a sair de casa, espreguiças o corpo ao som da passarada (anda pela vizinhança um novo som e, mais tarde, irás averiguar de que nova ave se trata).

Abres os olhos com a ajuda dos dedos, numa espécie de espreguiçar ocular, arrastas o corpo até á cozinha e tens a primeira imagem erótica do dia – a máquina de café está lavada e pronta a ser usada.

Colocas água até á medida, café até ao cimo, limpas toda a área circundante do reservatório de café e atarrachas a parte superior. Salivas por antecipação, colocas os corn flakes no prato e acrescentas uma dose generosa do maravilhoso leite fresco irlandês.

Comes ao ritmo de quem ainda não tomou café, terminas no momento em que a máquina de café começa a emitir o ruído típico de quem está pronta e sentes uma alegria tua pelo ritmo perfeito da tua “orquestra” matinal.

Tomas o chuveiro já mais desperto e cobres o corpo com alguma roupa que tiras do armário. Desces à cidade e relaxas enquanto bebes o teu cappuccino. Questionas-te se devias ter ficado um pouco mais na cama mas, enquanto dono do teu tempo, fazes uma gestão atempada de tudo…

Aquele abraço.

Natural born killers

Eu sabia, na sexta-feira quando resolvi ir em frente com a decisão, que o fim de semana ia ser muito intenso. Sabia que muito provavelmente me deixaria extenuado, mas largamente recompensado, cansado, mas de prazer.

Depois das agruras de um relacionamento demasiado redutor, eu havia esquecido a sua existência (quer de um quer do outro). Talvez não me quisesse recordar ou apenas não me lembrasse, mas lembrei-me que haviam passado 2 anos e imediatamente o sonho voltou. A pergunta que não me largava a cabeça era: será que realmente há novidades? E havia!

Percorri os caminhos cibernéticos da literatura e havia duas obras-primas já disponíveis e uma a ser lançada no dia 11 deste mês. Imediatamente comprei as 2 disponíveis em Português e a que sairá no dia 11 – que será lançada em Inglês.

Foi um domingo de loucura em que, por muito pouco, quase não cheguei ao destino. Completamente vidrado na ânsia de começar a ler, começar a sofrer, começar a tentar decifrar antes do autor o escrever, de chegar ao fim e exclamar: sempre muito bom. E assim foi…até consegui bater o tempo de leitura que o Kindle diz que o livro demora…

Foi muito bom voltar a partilhar momentos com o Gabriel – ainda mais tratando-se de uma aventura maioritariamente passada na Irlanda – e voltar a sorrir com as descrições que o Daniel faz dele.…em sonhos revejo sempre a imagem de um dos melhores restauradores de obras de arte do mundo, apoiado no queixo e com o rosto ligeiramente inclinado…sublime!

Cansei-me, mas foi dos esforços mais recompensadores que tive, num Fitzgerald Park que ora estava nublado ora estava ensolarado. Um dia muito bem passado! Na companhia de estranhos, com o ruído da natureza e com o meu livro. Bem-haja!

Protóxido de azoto

Acordo e dou por mim de roupão desapertado, de copo de vinho do Porto na mão e no 4º andar com vista para o River Lee. O compasso das gotas a embaterem na corrente do rio, que agora flui para o mar enquanto a maré desce, o som da chuva a bater nos vidros, a vista de um rio que muda conforme a maré o comanda. O roupão é emprestado e tolhe-te os movimentos, mas já te movimentaste demais para um dia só e agora só pensas no sono retemperador que tens pela frente.

Observas a massa anónima que se desloca, de pub em pub, como se a água que cai fosse tónica para o gin da vida deles. Já te habituaste a tantos hábitos locais, mas sorris quando pensas em quantos mais ainda terás para descobrir.

Relembras o queixo caído, de hoje de manhã, quando viste a quantidade de barris empilhados para a troca diária (é sempre um número impressionante de barris multiplicado por cada pub que passas), relembras o momento em que entraste na farmácia – enquanto conversavas com o teu filho no Skype – e a palavra cotonete não te ocorria em Inglês – sorris quando recordas que ouviste uma voz em Português, vinda de trás do balcão, a dizer que os cotton buds estavam à tua esquerda, sorris pela simples razão de saberes porque te encontras naquele local, naquele momento, com aquele copo de vinho do Porto na mão

Andas a sorrir muito…infliges-te uma estalada imaginária, para tentar conter o sorriso, e sorris enquanto voltas a teclar o que te vai passando pela cabeça. Editas umas partes – não queres que as pessoas pensem que é verdade – dás um ar sinistro a outras partes, em que não queres que as pessoas pensem que é mentira e, quando chegas ao final da frase, já estás a rir-te novamente.

Obviamente culpas o protóxido de azoto! Do qual não usufruíste, nas tuas idas ao dentista, mas precisas de encontrar um culpado para tanta gargalhada…Quem, no pleno uso de todas as suas faculdades, pode sorrir sem 3 dentes? Eu!

Aquele abraço.

Momentos matinais

Quando consegues dormir até às 10 da manhã, num país sem persianas, e acordas com um som que te faz imediatamente articular o queixo, de espanto…esqueces, por momentos, que devias espreguiçar-te convenientemente antes de iniciares o teu dia e trocas tudo pelo ligeiro abanar de cabeça, ao ritmo da música, seguindo a letra da mesma.

Estranhas que as boas músicas tenham um final – muito embora fiquem em nós por um tempo infinito. Acordaste e estavas no Tendinha, com os teus amigos de sempre, e até coraste porque te perguntaste “Será que realmente passei a noite no Tendinha?” mas sabes que o teu tempo no Tendinha sempre foi para queimar calorias, dançar ao som de boa música e estares com aqueles de quem mais gostas. Mais detalhes e o blog passaria a ter uma classificação de “Só para adultos” …

Ouves a passarada lá fora, abres a cortina e vês o habitual céu nublado, esboças um sorriso de gajo habituado a estas andanças – sorris ainda mais quando te dás conta que é o mesmo sorriso que esboçavas na Grécia quando, pela manhã, abrias as persianas da sala e vias a zona de Victoria no alvoroço matinal e tu – que sempre foste dado a despertares muito precoces – saudavas a boa noite de sono que tinhas tido (apesar da temperatura constante – os 30 graus nocturnos). A maneira como outrora apreciavas cada trovoada – porque já eras como os locais e abrias a casa toda para arejar (e aproveitar para baixar a temperatura no interior da mesma) – e agora começas a ver a chuva como algo habitual – como outrora o Sol o foi.

Olhas, com um amor incondicional, a tua máquina de café e, mecanicamente, colocas água na parte inferior, o depósito do café em cima – que enches com uma colheita de café colombiano do Robert Roberts, enroscas tudo muito bem e colocas ao lume. A espera pelo líquido é feita ao som de uma playlist que encontraste no YouTube e, quando menos esperas, começa a tocar o “This is the day”, dos The The…por momentos és um puto de 15 anos, no Splash, a curtir a mesma música – no meio da pista, de Super-Bock na mão (a cerveja de Leça do Balio era uma forma de separar as boas das más discotecas, no final dos anos 80), cercado de outros 5 companheiros de aventura. Depois de umas tacadas num verdadeiro bilhar Americano e com a noção que o regresso a casa seria feito muito rapidamente – alguém iria sugerir que os “Irmãos Cavaco” (evadidos nesse ano e, na altura ainda a monte) estariam escondidos na moita seguinte – o que fazia sempre com que chegássemos a casa em passo de corrida! Éramos jovens corajosos, mas também corríamos bem!

O café produz o seu efeito e desperta-te para a necessidade de criar novos momentos, mentalmente tens a imagem do duche, mas apetece-te colocar todas estas visões por escrito e questionas-te porque não fazê-lo enquanto bebo mais um café? Raramente discutes muito contigo e, de chávena na mão, atravessas os 2 metros que separam a cozinha da sala, ligas o computador e…deu nisto!

Bom fim de semana malta. Aquele abraço.

Verão?! Na Irlanda?!

Em boa hora fiz a minha mala de viagem com uma secção dedicada às Caraíbas! Não é que estejam 40 graus, ou algo semelhante, mas dados os antecedentes meteorológicos da Irlanda está uma temperatura muito boa. ☀️

Confesso, estão 20 graus mas a verdade é que…ou eu já me adaptei ou apenas cumpro a tradição local de andar de manga curta. Vejo pessoas a passar, em passo acelerado e de suor na testa, e penso que estou no Dubai. A minha racionalidade coloca-me no Bombar a beber uns finos, trincando uns amendoins enquanto a minha imaginação me coloca no meio do deserto com um placar da Super-Bock a curta distância….😂

Há mais vitalidade com este sol e as pessoas mostram vestimentas que claramente só usam nas férias… o que lhes coloca um sorriso na cara pois sentir-se-āo de férias enquanto trabalham…😎

Aos poucos vou-me mentalizando que este ano não há natal em família mas duas semanas de férias após esse período. Festejaremos à nossa maneira a alegria de estarmos juntos. Enquanto alegria não vejo momento que supere esse – ou estou a ficar um expatriado profissional ou um sentimental sem cura…mas ambos sabemos qual dos dois é! 😊

Fica aquele desejo de uma óptima semana e aquele abraço, enquanto pisco o olho. 😉

Que calor…

As reconciliações são um momento de nobreza dos sentimentos, dos sentidos, da valorização de quem nos completa. Não me lembro de ter passado tantas horas à conversa com alguém de quem gosto tanto e que, fruto do seu intelecto superior, questiona tudo. Uma filósofa do século XXI. 😙

A questão era completamente descabida mas a aproximação de duas pessoas nunca se fez pelas semelhanças mas sim pelas diferenças que, ou aceitamos ou abandonamos, preservando o nosso background. 🤗

Esta loira é uma verdadeira supermulher, em termos profissionais e pessoais, sempre solicitada para resolver as questões mais complicadas num mundo de ciência que é de aprendizagem contínua. Em boa hora fui para os copos naquele dia, em boa hora parei de conversar com a amiga dela, em boa hora fomos jantar! 😄

Hoje temos um dia de Verão na Irlanda! Estão 22 graus (sempre o 22) mas mais parecem 50…tal é a forma como os locais se comportam: de tronco nu, de calções e chinelos! Há algo de cómico em tudo isto e percebo melhor agora porque é que eles parecem camarões (quando vão ao Algarve ou fazem praia num país mais quente) e porque é que os Pubs são designados como o melhor protector solar na Irlanda…

Um país cómico, com muito sarcasmo, cheio de artistas e mentes brilhantes e muitos, mas mesmo muitos, profissionais no consumo de cerveja!

Aquele abraço.

Dia de sol

Finalmente a semana termina! Atribulada em horas de sono conseguidas, com juras de sono profundo nos próximos dois dias, ciente de que tudo poderá ser uma mentira e acabarmos, todos juntos, num qualquer sítio divertido. 🤗

Reunião de avaliação trimestral superada com sucesso, camaradagem com quem interessa e desenvolvimento dos conhecimentos. O acidente de trânsito mais idiota que eu já vi, duas mulheres ao volante, centenas de polacas que surgem do nada para proteger a conterrânea. 🤠

Desejo de uma pizza entregue no domicílio, uma tranquila noite de leitura e música enquanto aguardo a visita de domingo para a limpeza do apartamento. 😎

Calmamente a colocar tudo em ordem, a desfrutar todos os detalhes, ainda a finalizar a lista de compras e pronto para mais uma semana. 😎

Obrigado clima pelo dia que nos deste e pela semana que prometes. Até já. 😘