A paixão pela chuva.

Começou em criança mas não era amor; tratava-se de uma mentira que, quando inquirido pela “entidade maternal”, desculpava o facto de ter ficado a brincar para além do familiarmente aceitável. Não que a brincadeira parasse, e a chuva fosse um impedimento, mas tão só porque ingenuamente a culpava pelo estado da roupa e sapatilhas (está sujo porque tinha chovido, num passado indefinido, como se a “entidade maternal” não fosse capaz de desmontar tão ingénuo argumento). Era uma “curte”, vá…

Na adolescência era a desculpa para nos abrigarmos e chegar atrasados ao almoço. Soltos, numa quinta enorme com toda uma vasta variedade de frutas, quem é que queria almoçar? A tia, muito mais esperta do que nós, instalou um sino mais sonoro do que o da igreja e obrigou-nos a um exercício de controle contínuo. A ser “condenado”, a minha pena era ser condenado a comer canja de galinha – algo que me dá vómitos e que resultou plenamente.

Na vida adulta, o ponto alto e o momento em que me apaixonei por ela, foi em São Tomé e Príncipe. Calmamente a fumar um cigarro, na entrada principal da estância, abrigado da chuva que caia, começo a ouvir, no cais em frente, os primeiros acordes do Africa, do Toto. Dei um passo em frente, senti as gotas a inundarem a minha roupa e comecei a cantar a música. Desde então, já apanhei valentes molhas, voluntárias, em continentes opostos, com temperaturas tão diferentes, com pessoas tão peculiares e, no fim, só posso exclamar que aprendi – muito – com cada pinga que me molhou.

A chuva limpa – 26/4/2024

A inércia da pesca…

Quando as pessoas estão a dormir nós, enquanto observadores, devemos respeitar esse sono e não incomodar – a menos que o sonho que idealizamos seja razão mais do que suficiente para arrancar a vítima do seu descanso. Infelizmente há muitos anzóis colocados na linha dos sonhos e os “peixes” que ousam sonhar, por vezes, deixam-se levar pelo engodo e, imitando os seus primos terrenos, mordem o anzol.

Há os mais fortes, mais sortudos, mais ágeis e os que, numa soma de todas essas virtudes, conseguem libertar-se do anzol mas outros, mais curiosos em saber que bicho é aquele na ponta daquela coisa brilhante, são agarrados pelo metal retorcido sem dó ou piedade! Uma questão de curiosidade fatal – bom título para um filme – em que o simples querer saber mais do peixe se transforma na refeição do pescador. A perversão de tudo o que nos é ensinado: que devemos sempre seguir, com curiosidade, aquilo que desperta em nós esse sentimento!

Enquanto agarrado ao anzol, o peixe só pensa em libertar-se! Constata o erro, assim que morde a curiosidade e começa um bailado desenfreado pela vida! Mas, nesta luta entre a natureza e o ser humano, as probabilidades do peixe são muito baixas – nem um 60/40 é, quase que o equivalente a alguém dar call a uma bet de 4BB’s com Ax na esperança de ver um A bater no flop e, mesmo após o A não ter batido, continuar a cobrir as apostas do adversário até perder as fichas todas.

Há peixes que, mercê de um bailado que deve ser ensinado no Bolshoi dos peixes, conseguem libertar-se e outros que, para gáudio de todos nós que gostamos de peixe, não conseguem. Dependendo do baile que dão, os peixes poderão ou não sobreviver. Eventualmente até haverá peixes que, com um sorriso entre guelras, saltam de boca aberta para o anzol mas não me parece que esse seja o comportamento maioritário e, certamente, não será o que o pescador espera quando, de manhã cedo, parte para a pesca.

Os linguados, esse sim, têm uma boa vida. A virar-se de frente ou costas – conforme estão na rocha ou areia – são os camaleões do fundo do mar. Certamente sabem o quão saborosos são e daí a atitude de dupla personalidade, conforme frequentam a areia ou as rochas. Com sorte, muita sorte, qualquer um de nós pode mergulhar uma mão na areia e, apertando forte, sacar um linguado mas, o que se passa a seguir é que conta: levo o linguado e como-o ou finjo não ter força para apertar e solto-o? É nessa inércia de falta de aperto que se resume todo um dia de pesca!

Quem disse que o assunto era pesca? – 5/6/2020

Da ilusão ao recomeço….

Sempre, mas mesmo sempre, tive receio de me aproximar de ti mas, no ano em que me permitiste que o silêncio cessasse, lá estava eu. Foste a maior ilusão e desilusão de 2019 mas…eu não estava preparado. Hoje, se me perguntarem, sou um homem mais regrado em tudo graças a ti mas, o mérito que te devo, é mau porque advém de uma mentira que nunca existiu.

Da imaturidade da adolescência até à idade adulta convenci-me que me tinha tornado adulto e, rodeado de ferramentas que os adultos usam, eu fui batalhar e julguei haver ganho. Mas, do amo-te ao não sei quem és vai um passo muito pequeno e, muito embora saiba assumir as ideias dos meus pecados, sei – acima de tudo – perceber demasiado bem, quais são os pecados não admitidos de outrem.

A falta de tempo, no amor e para quem realmente ama, é o maior valor que se apresenta na mesa da paixão! É simples, para quem não sente a disponibilidade, abdicar de um amor de uma vida. Com uma facilidade tão grande quanto seria o sarilho de aturar todas as vicissitudes inerentes a alguém que nem sequer sabe dominar a arte de esconder….

Não nasci para aventuras mas sim para amar e batalharei sempre para que assim seja!

Um conselho de ex-amigo? Aprende a amar e a saber reconhecer o amor e serás feliz!

O louco enamorado…-10/5/2020

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Dar ao pé…

Se no passado dei a mão sem saber que o fazia, agora tive que dar ao pé para poder ter tudo o que me faltava em casa. Já não se consegue comprar tudo o que se pretende numa só superfície pelo que fui obrigado a dirigir-me de um Doce para um Continente. 

Bendita (sem qualquer conotação católica) cidade que, assim que entramos em algum lado, tem sempre uma cara conhecida. Desta vez foi o André que me disse onde estavam as cápsulas e, em 2 minutos, as compras estavam feitas. Por momentos parecia que estava em Cork a fazer compras com o Gabriel (alguém que conhece o Tesco melhor do que a palma da própria mão) e que, em 2 minutos, havíamos encontrado tudo o que queríamos e estávamos na caixa prontos a seguir para casa. Fui tentado por uma caixa de 24 minis Super-Bock (trocamos olhares, eu toquei-lhe, ela sorriu) mas consegui superar a tentação e sair sem comprar cerveja (o que faz todo o sentido para quem já tem o frigorífico cheio do valioso líquido).

Continuo a dizer que a Unicer devia apostar na entrega porta à porta, enquanto dura a pandemia, numa clara demonstração de que está com o povo e disposta a um pequeno sacrifício para se tornar o oásis que todos os portugueses e portuguesas almejam encontrar. Se fizerem a entrega com uns saquinhos de tremoços ou amendoins então aí, definitivamente, passam a poder cobrar um serviço gourmet, pois já inclui muito mais do que apenas a cevada líquida! Se, eventualmente, fizerem a entrega com uma tábua de queijos, umas tostas e um bom charuto a acompanhar…então aí passam para o estatuto de Deus de Leça do Balio! (e acreditem que haverá muito mais pastorinhos com visões!!!).

Acreditam que encontrei a D. Manuela – que, para mim é uma irmã que tem sempre um bom conselho para a vida – mas só na terceira vez que nos cruzamos é que notei que efectivamente era a D. Manuela? Se há característica que não escapa a ninguém, até porque a D. Manuela não deixa, é o facto de, na sala de cima do Abel, quem manda é a D. Manuela!!!! E, com toda a razão, nem precisa relembrar tal facto a quem por lá passa novamente. Um amor de pessoa que só reconheci na terceira vez (nunca tinha visto a D. Manuela a cochichar!!!!, daí a demora em compreender quem era) porque, nestes tempos de pandemia, ando completamente alheado e sem lentes de contacto pelo que, se se cruzarem comigo e eu não cumprimentar, é sinal que me esqueci das lentes de contacto que recuso usar para sair, no máximo, uns 15 minutos por dia…É bom rever caras…e D. Manuela, se me estiver a ler, um grande abraço e até breve!!! Saudades do arroz de polvo…

Chovia, na volta desse Continente, e tentei novamente o exercício de regressar a casa de cara voltada para o céu, aproveitando cada gota que a natureza me dava. Já espirrei umas centenas de vezes, estou a beber chá e de mantinha (herdada, pelos vistos) pelas pernas, a pensar que nem sempre é boa ideia levarmos com a chuvinha nas trombas! Antes uma constipação que o outro que por aí anda!

Posto isto…vou beber uma mini! Sei lá que tipo de germes poderão estar dentro de mim ambicionando uma cerveja para poderem viajar para outros locais…

Mais uma história que vos conto – 13/4/2020

 

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O sonho…

…pode comandar a vida!

Após 2 semanas a usufruir das entregas do Uber Eats (há uma promoção para novos clientes, em Espinho, que oferece a entrega…procurem!), o dia chegou em que fui obrigado a sair de casa se queria comer (soa a exagero, porque tenho o frigorífico cheio, mas após tanto tempo sem ver o mar….era uma obrigação). Saí, a medo e em direcção contrária ao habitual caminho para ir ao supermercado, e dei por mim a conhecer a minha cidade….novamente.

A construção civil não parou – já o havia notado aquando da saída para a compra de tabaco e constatado pelo ruído que saía da Junta de Freguesia, contei 10 pessoas (maioritariamente junto ao mar) e todos a uma distância mais do que segura! Foram os habituais 6 minutos para chegar ao Quim da Granja, pagar e trazer a vitela assada. 

A volta para casa foi feita pelo mesmo caminho da ida mas já na companhia da chuva. Se de início hesitei em iniciar o percurso de regresso a casa – porque chovia – foi ao constatar que a água da chuva estava morna que iniciei o caminho de volta. Chamem-me louco – pouco me importa – mas o caminho de regresso foi todo feito de cabeça para o ar, gotas a caírem na face e eu a esboçar um sorriso imenso! Não sacudi a água uma única vez, senti a água a pingar pela minha face e sorri, cada vez mais.

Com o vírus, com tanta notícia falsa, com tanto doutorado em vírus, com tanto receio (equilibrado entre o falso e o verdadeiro)…a chuva foi a forma que a natureza teve de me equilibrar. E não só o fez como ainda me deu um gozo enorme…a segunda melhor chuvada da minha vida! A assemelhar-se ao momento em que, apesar de não gostares de scones, comes tudo como se fosse a tua última refeição…porque amas quem os fez!

Associação de momentos maravilhosos que teimavam em não voltar! – 6/4/2020

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Altruísta ou egoísta?

Por vezes escreves como se quisesses que o mundo te ouvisse, outras vezes escreves como se de um sussurro se tratasse – e não queres que ninguém leia…

Por vezes apetece-te largar tudo e mudar o mundo, outras vezes deitas-te no sofá até que te passe…

Gritas bem alto os pensamentos que te ocorrem, somente para te sentires incomodado pelo ruído que tu próprio causaste. Tapas as orelhas e questionas-te se já terá passado…

Estás entre a acção e a inacção, perdido entre sonhos e objectivos concretizados, dividido entre o que está por fazer e o que orgulhosamente já atingiste e perguntas-te, em mais um dos teus monólogos, se realmente serás altruísta ou egoísta…

– És um bipolar literário! Vai-te deitar!!!

– OK, realmente estou com sono…

Em casa!

Viagem longa para quem está só a duas horas de Portugal – duas horas e vinte de avião e três horas e meia de autocarro…

É bom voltar a ver algumas caras, locais, coisas…e estar de volta ao cabeleireiro para tirar este peso extra de cima de mim. Se já tinha a mania do cabelo curto agora tenho a mania do pente 4 – uma espécie de vingança por um dia me terem obrigado a cortar por essa medida e, logo depois, chegou um telegrama a dizer que já não necessário.

Saíram pessoas da equipa portuguesa e o volume de trabalho decresceu substancialmente. Os dias de trabalho são passados na leitura de Saramago e Arturo Pérez-Reverte e na conversa com o resto da equipa.

Nunca parando de pesquisar o mundo, na procura de algo melhor e num país tão agradável quanto a Grécia, nunca esmorecendo a dedicação presente, nunca fugindo ao conhecimento de novos locais, pessoas, diferentes maneiras de ser e de agir.

Sempre de sorriso aberto, agora com mais um dente – temporário – que, no próximo ano, dará lugar à obra completa! Um grande abraço a duas dentistas que trataram exemplarmente desta empreitada.

Agora posso afirmar: já nada me espanta neste mundo!

A viver – hoje e sempre.

Um dia não são dias…

Há muito que aprendeste a ultrapassar as agruras da vida e, apesar delas, este foi realmente o melhor período de férias que alguma vez tive na vida adulta. Chegado a 1 de Setembro, depois de apanhar o metro e o comboio, subi a rua e encontrei o jovem de 12 anos e 364 dias a correr para os meus braços. Ele já havia ido 2 vezes à estação para ver se eu chegava…sem sucesso! Cheguei no terceiro comboio e o Samsung continuava sem conseguir registar-se numa rede portuguesa…incontactável!

Foi um abraço como só os pais que amam os filhos sabem dar e receber. Foi um agradecimento de um Pai a um filho por todo o esforço que ele tem colocado naquilo que é o emprego dele – os estudos – bem como na forma como tem evoluído socialmente, desportivamente e a maneira como define os seus objectivos futuros. Obviamente o jantar foi escolha dele e as pizzas do Tomate foram a escolha…culpa da menina Paula que lhe mostrou o sabor das ditas e imediatamente o colocou a fazer a sua própria pizza – não estive contigo desta vez, mas nunca és esquecida.

Adaptar-me a Espinho é algo que faço com um gosto que me sai naturalmente! Talvez não seja o que esperam de mim, mas o que eu quero…a t-shirt, as havaianas e o calção de banho são a indumentária mais utilizada! Furando por entre os “rurales” ainda conseguimos um dia de bastantes mergulhos e, com grande alegria, constato que já não fico gelado após o primeiro mergulho – está perdida a adaptação às águas Gregas e recuperada a adaptação às águas espinhenses.

Ri-me, como sempre o fiz, com o Luís Pires e chegamos à conclusão que já só faltam aproximadamente 28 meses até os Pais voltarem a dormir como outrora o fizeram. Debatemos os velhos métodos para adormecer crianças – o aspirador, o exaustor da cozinha, etc…apenas para chegar à conclusão que o rebento dele e da Henrieta consegue triunfar e não cede a métodos velhos de adormecimento.

Coloquei a conversa em dia com a Carla Lacerda e com o Ricardo Tavares e, retomando onde havíamos ficado da última vez, progredimos no conhecimento daquilo e daqueles que nos rodeiam. Muito recompensador e libertador. Bem hajam.

Passei tempos deliciosos com os meus primos, mãe, irmão, madrinha e padrinho “adoptado” e não consigo encontrar palavras suficientes para lhes agradecer. Terá que ser por acções. O Pedro a.k.a. “Careca” foi, como sempre, o impecável animador daquelas noites espinhenses que todos julgam que não vão dar em nada e.…dão sempre! Sempre com o acompanhamento do Roger Waters e alguns discos pedidos – alguns mesmo pirosos – de outrora. Vi a factura detalhada ser introduzida no Bombar e chorei à gargalhada com o detalhe a que se pode chegar!

Gosto muito da minha cidade e de um certo número de pessoas que a habitam. Muitos ainda procuram a sua vocação, mas, acima de tudo, são pessoas que sabem dar tudo em prol dessa palavra que é a amizade. São o que nos faz voltar e ter saudades. Bem hajam.

Sair no aeroporto de Dublin e encontrar o Quim Tó à espera da Mãe dele demonstrou-me que os espinhenses estão em todo o lado, mas os bons…merecem sempre um abraço!

Nunca digo adeus e, quem me conhece, sabe que me despeço com um “Até já”. É mais demonstrativo do desejo de voltar e de estar com aqueles que nos dizem tudo e eu não consegui estar com todos. Com os meus erros e uma ou outra virtude sempre estarei cá para vós. Se me esqueci de mencionar alguém foi por puro descuido meu, perdoem-me!

Aquele abraço, até já!

Chuvinha de …..

Estou em cima do motorista do autocarro! Não no sentido carnal da coisa mas apenas no andar de cima do double decker.

Chove, o que não é novidade nenhuma, e recordo os melhores momentos que vivi á chuva com o topo da lista ocupado por São Tomé e Príncipe, no Blue Marlin Resort, ouvindo o Toto, ao longe, com o “i guess it rains down in Africa”.

Já tenho saudades do sol mas hoje o sofrimento surgiu de receber um vídeo dos Foo Fighters, em pleno teatro Odéon, a darem um concerto maravilhoso. Perdi a Aída, devido ao controle de capitais, e agora Foo Fighters porque simplesmente já não vivo lá.

A vida continua e nem sempre os horários coincidem. Vou aproveitando o tic-tac dela para ir curtindo os melhores momentos. Sou um democrata: por vezes ganho e por vezes perco mas, acima de tudo, há um sorriso traquinas que permanece e isso… não tem preço!

Aquele abraço.

 

As manhãs

Acordas com o ruído dos vizinhos a sair de casa, espreguiças o corpo ao som da passarada (anda pela vizinhança um novo som e, mais tarde, irás averiguar de que nova ave se trata).

Abres os olhos com a ajuda dos dedos, numa espécie de espreguiçar ocular, arrastas o corpo até á cozinha e tens a primeira imagem erótica do dia – a máquina de café está lavada e pronta a ser usada.

Colocas água até á medida, café até ao cimo, limpas toda a área circundante do reservatório de café e atarrachas a parte superior. Salivas por antecipação, colocas os corn flakes no prato e acrescentas uma dose generosa do maravilhoso leite fresco irlandês.

Comes ao ritmo de quem ainda não tomou café, terminas no momento em que a máquina de café começa a emitir o ruído típico de quem está pronta e sentes uma alegria tua pelo ritmo perfeito da tua “orquestra” matinal.

Tomas o chuveiro já mais desperto e cobres o corpo com alguma roupa que tiras do armário. Desces à cidade e relaxas enquanto bebes o teu cappuccino. Questionas-te se devias ter ficado um pouco mais na cama mas, enquanto dono do teu tempo, fazes uma gestão atempada de tudo…

Aquele abraço.

Vida no campo

É quando vives num país como a Irlanda que o teu sentimento de querer estar em contacto com a natureza mais se revela.

Recordas São Tomé e Príncipe, onde para chegares a uma roça tinhas que sair do 4×4 e, munido de uma catana como os locais, abrias caminho por entre a verdura que, em escassas horas, estaria exactamente igual.

Recordas Moçambique e o facto de não poderes ter ido para Villanculos de avião – alguém havia plantado uma horta no meio da pista de aterragem.

Recordas imensos paraísos africanos, onde nada é artificial, e começas a ter a certeza de que esse é talvez o continente mais próximo do que consideras ser o teu conceito de beleza.

Continuas a tua viagem no autocarro e contemplas os cenários verdes que a Irlanda te dá. Sonhas acordado com a força de quem quer executar e sabes que estás mais perto de concretizar esse sonho.

Divagações reais ou sonhadas mas, sobretudo, matinais.