Wake-up call

Talvez tenha sido o tempo o culpado mas, acima dele estou eu, comandante supremo de como vou utilizar o meu tempo! Como culpado cabe-me a mim lutar pela minha inocência ou, após cumprir a pena, começar de novo. Sempre, desde que voltei da Irlanda, soube que este seria um ano sabático mas a pandemia veio prorrogar o tempo inicialmente estabelecido e, sem problema, fui ficando perto dos mimos e dos afectos ao invés de partir para um novo desconhecido no meio de uma crise de saúde mundial. Tenho a sorte de não me faltarem apoios mas, como forma de agradecimento, sinto que uma mudança é necessária.

Não se trata de resoluções de ano novo ou cenas do género mas tão só e apenas uma decisão que tomei que, muito provavelmente, me levará para um novo país (muito embora a Grécia nunca fique esquecida) onde chegarei em melhor forma – física e psicológica – do que aquando da chegada à Irlanda. Quero andar mais e muito e, se porventura voltar a dar os passeios de conhecimento pela cidade, não estranhem – é a minha maneira de tentar restabelecer o contacto com a cidade – constatar novos sítios, novas casas e, infelizmente, novos prédios. Sempre, desde os 14 anos, fiz estes passeios! Primeiro como forma de nunca usar o mesmo percurso para o emprego – que, na altura, era no Parque de campismo de Espinho e, mais tarde, como maneira de constatar o que havia mudado na cidade mesmo que tal obrigue a um esforço diferente para tentar recordar a imagem mental que tínhamos daquele local, antes da mudança. Um exercício que estimula a memória e nos dá a conhecer a cidade que, cada vez mais, está entregue a pessoas cuja visão de beleza da cidade é nula! Há excepções, que preservam uma das duas riquezas de Espinho, o património arquitectónico. A gente Espinhense é a outra riqueza que, cada vez mais, sentimos partir e, em sua substituição, recebemos uns habitantes tipo guna….

Tudo na vida está em constante evolução – seja positiva ou negativa. Cabe-nos a nós, e à nossa percepção da realidade, avaliar se há algo positivo ou negativo nessa mudança. Por vezes o instinto falha e acabamos por fazer juízos de valor que não correspondem ao que nos cerca mas, usando o intelecto, rapidamente conseguimos repor a verdade dos factos. Os factos, essas provas não refutáveis, impedem o sentimento pleno que, apesar de perdoar, não esquece.

Comemos polvo, ao contrário da maioria do povo, porque gostamos. Mãe e filho sentados na mesa, ao lado da lareira. A rever o “The Color Purple”, por entre as sobremesas com que sonhamos, a falar do ano que passou e perspectivas para o futuro. Uma noite tranquila, de confraternização, comes e bebes!

Bom Natal.

Uma noite de Natal – 25/12/2020

Criar algo simples…

O simples Porto-> Faro e Faro-> Porto transforma-se num Porto-> Amesterdão e Amesterdão-> Dublin. Assim começou o domingo de retorno a Cork…voo cancelado e a opção a não ser a melhor mas a possível. A KLM dá-me a protecção de preço e o voo passa a ser Porto-> Madrid e Madrid-> Dublin…menos mal mas ainda tens 3 horas e meia de autocarro entre o aterrar em Dublin e chegares a casa em Cork. O voo ideal, marcado com meses de antecedência, por uns míseros EUR 92 transforma-se numa saga de EUR 260 e mais EUR 20 para o autocarro…ninguém merece mas a Ryanair faz questão de dar estas “ofertas”.

Chegas a Madrid e tens 20 minutos para apanhar o Madrid-> Dublin, o joelho cede quando começas a tentar um passo mais acelerado e, graças ao feliz encontro com o homem do carrinho de golfe – que apoia os menos válidos (o trocadilho aqui aplia-se porque em espanhol se diz mesmo assim) – que te leva à porta H4 quando o relógio assinala as 15:55 (hora de partida do voo). Cais no lugar do meio e só acordas em Dublin…haja algo de bom na viagem de regresso! Chegado a Dublin eis que a Aircouch está a minutos de chegar e tu já tens bilhete para as 3 horas e meia seguintes…chegas a casa às 23 horas quando tinhas tudo previsto para ter chegado às 15:30 a Cork!

Sentes diferentes vazios…um porque é a tua amizade mais próxima e merece todo o carinho e atenção do mundo, outro porque não deste continuidade a algo que gostavas que tivesse continuidade e um último porque uma viagem que deveria ter sido tranquila se tornou em algo tão atribulado. Levantas o nariz e enfrentas as adversidades! Verificas o email e vês que recebeste uma notificação com os nomes das tempestades para 2018/19 e exclamas “voltei, já tenho informação privilegiada para enfrentar o clima!” Sorrio mas não é um sorriso de felicidade…é apenas uma exclamação sob a forma de sorriso, talvez tenha sido um suspiro…quem sabe? 

De volta à cidade e pronto para as vicissitudes da semana irlandesa. Haja virtuosismo e boa disposição!!!! Até já!

Como momentos simples podem ser tão saborosos.

Havia muito tempo que o Zé não se cruzava com esta amiga para quem se dirigia agora. De facto, o Zé não tinha a certeza de ser considerado um amigo, mas acima de tudo, ele sabia que ela é das caras mais bonitas da sua vizinhança. Ele nunca a havia esquecido; bem pelo contrário, ele recordava-se amiúde dela.

Haviam confidenciado detalhes das suas vidas e, de alguma maneira, haviam-se ajudado mutuamente. Havia, pelo menos, um carinho implícito nas palavras que haviam trocado. Trajado de desconhecido, na visão que ele imaginava que a amiga tivesse, ele caminhou ao encontro dela. Havia borboletas no estômago, recordações muito vagas na sua mente, mas também muita coragem no querer – de facto – estar com a amiga em questão.

A coragem misturava-se com a cobardia e a coragem ganhou. Saiu de casa, caminhou pela rua abaixo e chegou ao destino sem que conseguisse encontrar a amiga que o fazia mexer nesse início de tarde. Fazia muito calor, mas o Zé – homem outrora sediado na cidade de Atenas – sabia bem superar as agruras do calor extremo. Havia descartado a camisa de algodão ateniense em prol de uma camisa mais clara e em tons azuis que combinavam com os calções de banho azuis que trajava. As sandálias eram as habituais Havaianas a que se havia rendido aquando da sua passagem pela Grécia.

Encontrou um amigo de longa data, que o chamou, para logo de seguida encontrar um outro. Pensou estar, de certa maneira, cercado por testemunhas, mas, calmamente, percorreu mentalmente todo o percurso e rapidamente chegou à conclusão que estaria mais perto de um ataque de pânico do que propriamente cercado.

Ela chegou, ele despediu-se do amigo e partiu com ela. Trocaram palavras simples, mas acerca de um assunto complexo. Sentaram-se no muro da praia que outrora foi sua e aprofundaram o diálogo. Não havia nada de romântico no que falavam e o tema era absurdamente oposto a qualquer romantismo. O Zé olhava mais para ela do que escutava a conversa. O Zé estava claramente ofuscado pela beleza que havia diante dele.

Decidem trocar de local e caminham pela cidade acima. São dois seres que gostam da sua cidade e ele leva-a até à rua que a conduzirá até ao supermercado onde faz as suas compras. Abandona-a no meio de uma feira de usados, após ter indicado o caminho correcto, e desce para casa. Olha para trás duas vezes e questiona-se sobre o que aconteceu. Não sabe a resposta e não sabe sequer se havia essa pergunta.

Interroga-se agora em casa e decidiu ligar-me. O Zé tem sempre prioridade no meu atendimento e, juntos, debatemos o tema. O Zé acha que não é nada e eu acho que pode ser tudo. Estamos em extremos opostos em termos do que achamos que a situação é.

O Zé adormece no sofá e eu vejo o sorriso dele a abrir enquanto vai perdendo a luta com o sono. Eu já vi o Zé assim.…ele está com dúvidas, mas feliz.

Sonhos de um jogo de futebol…

…feminino!

Bastaria levantar-se e sair pelo lado esquerdo. A lógica, vista pelo meu ponto de vista, assim o dita. Todavia, levanta-se e vira-se de frente, dá um jeito na silhueta e, escolhendo o lado esquerdo de agora – oposto ao lado esquerdo de quando estava de costas – passa pela minha frente.

Sem lentes de contacto, mas a fazer um esforço por equilibrar o astigmatismo e a ligeira miopia, utilizo o canto do olho para marcar a trajectória. Assemelho-me a um central que, aquando da marcação do pontapé de canto, se ergue para cabecear como mandam as regras….de cima para baixo!

Faz deslizar a sua silhueta, por um “relvado” de alcatifa, num estilo semelhante aos melhores pontas de lança quando se dirigem isolados para a baliza…não falha a marcação e a convicção com que se isolou já o determinou.

Volta do intervalo com um sorriso renovado, solta o cabelo com os dedos, concentra-se na segunda parte. Está na frente do marcador e os segundos 45 minutos decidirão quem ganhará o jogo. O equipamento ainda tem provas do esforço despendido no primeiro tempo – colado ao corpo, revelando as formas e o quão em forma está.

Dá um jeito às chuteiras, puxa as meias até ao joelho, respira fundo e começa a segunda parte…

Um dia conto-vos o resultado final…

Desabafei…

É ao som de Soundgarden que o dia se desenrola…misturado com umas músicas de Kasabian (a inevitável gravação do King Power Stadium, aquando da conquista do campeonato por parte do Leicester).  🙂

Voltou o misto de chuva e sol…mas está um frio desagradável. Aqueles dias de calor, em que o vosso humilde arriscou mesmo uma ida à praia e um mergulho, estão no passado e agora estou somente focado na viagem a casa! 🙂 🙂 🙂

A vizinhança melhorou bastante e já consigo ver a verdura do exterior do edifício (LOL) – as árvores, bem pronunciadas, o relvado bem aparado e a beleza natural das árvores jovens que se vão desenvolvendo. Trata-se de uma analogia tão óbvia que até me apetece deixar isso escrito para memória futura…

De casaco simples mas com capuz, de sapatos quentes mas sem vontade de os usar, de cabeça num mergulho de praia mas refém num escritório de cimento.

Sorrindo por antecipação e amargurado pela demora! 😦 Quase a caminho. 😉

Aquele abraço.

https://youtu.be/xSji7VVNetY

Stevie

Seguindo a letra do Stevie, dos Kasabian.

Com um sorriso largo, após a tua resposta! Sabia que estavas bem mas queria sabê-lo por ti e não por terceiros. Glorioso o momento em que a resposta veio! Bem haja!

Combinando, com toda a calma do mundo, a visita de Outono. 🙂 Recordando todas as nossas conversas, em flashes de segundos, e sorrindo com cada momento. A gargalhada que soltei quando recordei a única vez que nos chateamos e, chegado a casa, já tinha um recado para que o “chateado” não passasse de uma impressão e não algo real.

A nossa amizade tem tantos momentos bons e tão nossos que realmente só nos conseguimos rir deles quando, na nossa intimidade e no nosso círculo, partilhamos histórias. Por entre uma cadela completamente louca e aos saltos – bem sei que é culpa minha mas adoro brincar com animais – por entre crianças fascinadas porque descobriram uma brincadeira nova, por entre cervejas que vou bebendo e por entre as nossas histórias – passadas, presentes e nossos sonhos de futuro – nós somos capazes das gargalhadas mais sinceras e, de lágrima no olho, depois de mais uma recordação, deliciamo-nos com as surpresas de outrora que nos conduziram ao presente de hoje.

Outrora a tua melhor amiga obrigou-me a confessar que eu tinha tido saudades dela – aquando de umas férias dela ao estrangeiro. Custou-me a sair a confissão mas os benefícios de uma vida em comum e o filho maravilhoso que hoje temos foi a prova maior de que realmente mais vale falarmos a verdade do que vivermos numa encenação de beleza que em nada se assemelha à realidade.

Conhecemo-nos desde sempre e isso nota-se. Orgulho imenso em ter-te como amiga e poder saber que me consideras amigo.

Para ti, só para ti. Beijinhos e até já.

Dias na ilha…

Dias passados ao som de Kasabian – adorável o concerto, gravado ao vivo no King Power Stadium, aquando da vitória do Leicester City na Premier League.

Mais dois dias de férias marcados – há que respeitar a existência de meias-finais do Campeonato do Mundo – e a ideia de 2 dias para ordenar o que não tem estado bem ordenado…ultimamente.

Melhorias substanciais na capacidade de jogar o Fortnite – muito por influência do filho, do sobrinho e do colega de casa – empurram-me para os lugares cimeiros. Ainda a anos-luz do jogo praticado pelos habituais finalistas mas, e isso sempre foi o mais importante, com muitas gargalhadas soltas perante o superior jogo dos adolescentes.

Farto do sol…talvez não esteja habituado a ele aqui. A República começa a apresentar os primeiros sinais dessa falta de Sol e o racionamento de água já se faz em Dublin. Há uma imposição contra a rega de jardins e afins (desperdícios de água) para prevenir o esgotar da água presentemente existente.

Mais um capítulo fechado, no que a passado diz respeito. Em paz com ele, de olhos no presente mas com o sonho no futuro – as férias com a família. Saudade de mergulhos de mar e rio, de gargalhadas com as piadas do júnior, de finais de tarde de cansaço mas com o sentimento de dever cumprido. Vontade de cumprir essas férias longe de casa, com os de casa – pode parecer ironia mas temos tanto para descobrir juntos…

Quase na hora de desejar um feliz aniversário a uma menina lindíssima, que nos acompanha desde 2004, que já deve estar uma pequena adulta, à semelhança do primo.

Sorridente? Sim. Com uma agenda bastante atribulada para Julho/Agosto porque, finalmente, vou cortar o cabelo.

Voltarei a escrever quando houver algo racional para dizer! 

Diário do Capitão…

Dia primeiro do mês de Janeiro de 2018. Dia de trabalho. Céu completamente azul e um sol que, ao incidir no asfalto, confunde a visão de qualquer humano.

Terceiro planeta a contar do sol. Hemisfério Norte, ilha a Oeste do continente europeu.

Noite bem passada e de sono retemperador ao ponto de permitir um dia de trabalho “normal”. Água…muita água, fresca, transparente e a hidratar o corpo do vosso humilde narrador.

Frio, várias aves que, de acordo com o taxista local, são um sinal de neve nos próximos dias.

Sem resoluções de Ano Novo – apenas manter a moral e bons costumes enquanto vou descobrindo novas pessoas. Continuar a esquecer, continuar a relembrar, continuar…palavra de ordem é continuar!

Batalhar por melhores dias, por um abraço ao meu mais que tudo, ver a família e amigos enquanto devoro uma refeição típica do meu país.

Sorrir! Exercitar os músculos da face, com sorrisos abertos e desmedidos, até ficar com a textura de um bodybuilder! Rir….resolve muitos dos problemas!

Mudar de número de telemóvel é considerado resolução de Ano Novo? 🙂

Aquele sorriso! Até já.

Festas…

Gosto da definição de festa que aparece no Dicionário de Língua Portuguesa Online. Copiando o que lá consta temos, entre outras possíveis respostas, a “Reunião em que há regozijo”. Não vejo nenhuma mais bem conseguida do que essa…a sensação de que há satisfação e júbilo.

Recordam-se perús anteriormente trinchados e já digeridos, presentes anteriormente surpreendentes mas já usados até à exaustão, momentos de confraternização que nos uniram em volta de pratos tão suculentos quanto os momentos daqueles que os presenciaram.

A saudade marca muito e, apesar de não o mencionarmos, todos o sentimos. Uma espécie de sentimento esquecido mas recordado sem que seja mencionado. Uma homenagem sentida a quem nos falta, uma saudação especial para os mais novos que vão recordar alguém que não conheceram através das palavras dos que com ele mais de perto conviveram.

É delicioso ver a cara deles enquanto as aventuras de outrora vão sendo reveladas…são o doce que deixamos neste planeta.

Foi de repente…

Originalmente publicado a 6 de Novembro de 2015 mas perdido nas inúmeras mudanças de alojamento do domínio.

Foi de repente…

Não esperava que voltasses. Não que não tivesse um desejo enorme de voltar a ter-te (“Tudo o que não nos destrói, torna-nos mais fortes”, já escrevia Nietzsche) mas simplesmente porque a febre que impões em mim eleva-me a uma categoria de forno industrial – daqueles usados para fabricar o vidro e cujo simples colocar em funcionamento obriga a horas de preparação, calor e muita areia – pensei que te tinha visto, de costas voltadas à beira-mar mas, afinal, voltaste!

Fugi de ti para o mais longe que consegui. Escondi-me, fugi, corri, tive medo e receio de ti e, no entanto, parece que voaste ao meu encontro. As minhas costas cederam perante a pressão que sobre elas exerceste e, ao invés de um passeio romântico a três – eu, tu e a cadela – de repente gritaste-me: não sais de casa! E eu, que já te vou conhecendo, tentei contrariar essa temperatura com que fazes questão de me contemplar. Apresentei-te aos meus amigos e eles não gostaram de te ver. Desde desculpas de “energias negativas” a espirros de saudação eis-nos escorraçados para a reclusão até que partas!

Não sei porque me persegues!!! Porque me fazes chorar quando tudo o que pretendo é rir?! Porque me fazes ter corrimento se eu sou um homem?! Porque me atiras abaixo sem um segundo propósito definido?! Não te quero ver mais este ano! Desaparece, por favor. Fui e sempre serei educado para contigo – especialmente quando estás com outros e não comigo – mas, desta vez, parece que tens a força do exército grego aquando da Batalha de Marathónas e todos sabemos que os gregos estavam demasiado fortes naquele dia.

Dei-te uma de 4 em 4 horas e não desististe – mas enfraqueceste – e pude alterar a cadência para uma de 8 em 8 horas e estou quase a vencer-te. O meu último lenço branco não será um sinal de rendição mas sim de vitória.

Maldita gripe!