Como se quase te tivesse tocado mas sem forças para esticar o braço, como se quase te tivesse sentido mas sem forças para avançar, como se tivesses rodas e tivesses derrapado para longe. Foram dois bons passeios os de ontem – ambos de extremo a extremo da cidade mas já sem hipótese de terminar no Zé Grande a comer uma “bucha” de presunto.
A fugir de tudo e de todos e evitado da mesma maneira – uma alegre maneira de começar a circular neste novo mundo que lá fora não parou. A sorte, a maravilhosa sorte de viver tão perto do mar que me faz sentir com 18 anos em cada dia que acordo e posso colocar a indumentária mais simples do mundo: uns calções, uma tshirt e havaianas, e sair despreocupadamente à rua – em tempos de pandemia julgo que a indumentária deverá ser a última coisa a ser comentada…ahahahahahahah
A ver um local de pernas esticadas na sua varanda, com um ar de dono de disto tudo, que não cumprimenta quem passa. Um casal de namorados a trocar mimos enquanto o cãozinho lhes vai mordendo os casacos, pés molhados na beira mar. A vontade de ver a bola Nivea erguida e alguma normalidade restituída. Uma bicicleta que passa a querer cumprimentar o meu ombro esquerdo (que seja católico e reencarne em asfalto!), um atleta que olha de lado ao humilde narrador que vai fumando enquanto deambula pelo calçadão Espinhense.
Pareceu-me sentir o teu cheiro mas afinal era eu – como confundo o meu e o teu num tão simples nosso! A tua omoplata sorriu-me e julgo que os nossos pés dialogaram mas…eu sou parte interessada e não posso tecer juízos de valor…O sol sorriu, como que confessando que o destino a nós cabia, e as ondas deram uma série como nunca antes – num claro festival de concordância e concessão desse favor especial de sermos aplaudidos pela natureza. Ainda bem que nunca fomos muito de vénias…
Apaixonado? Sempre! Pela vida.
