Detalhes…

…ou provavelmente o fundamental da vida…

Entras no autocarro e dás de caras com um italiano que chegou a Cork, vindo de Atenas, no mesmo dia em que tu chegaste. Todas as suas expressões são de satisfação imensa e recordas que ele esteve de férias e, muito provavelmente, este é o primeiro dia de trabalho dele. E assim é, faz-te um resumo da árdua mas recompensadora tarefa que é visitar tudo e todos e o quanto isso nos dá em termos de satisfação.

Os italianos são bastante semelhantes a nós, em termos de valores familiares, e revejo o mesmo sentimento nele conforme o meu, aquando da chegada das últimas férias.

Dizia ele: só me faltou visitar uma pessoa que, já muito tarde soube, precisava da minha visita! Também eu, respondi…mas tento agora retomar o diálogo de outrora – algures numa esplanada em Espinho, quando falamos muito e tivemos a certeza de sermos amigos.

A vida é um ballet e nós temos que criar a nossa melhor coreografia!

Aquele abraço.

A bela manhã

Depois de uma noite iniciada a três, depois de todo o suor, um suspiro surgiu da cozinha e, para que não houvesse qualquer dúvida, agarrei na que sobrava e fui deitar-me com ela.

Acordei com as mazelas típicas de quem dorme com três louras tão Portuguesas e tão intensas. Sonhei acordado com os melhores momentos da noite anterior e prometi a mim mesmo repetir.

Ontem havia-lhes saltado a tampa e foram totalmente sorvidas por mim. Hoje mostravam-se vazias de desejo. Completamente extenuadas de toda a acção, clamavam por ser devolvidas a Portugal para uma terapia que lhes repusesse o desejo.

Sexta-feira, dia de pagamento e está sol.

Bom fim de semana!!!!!

Super mulher

Entrei e perguntei por ela. O Paul, com um ar surpreendido, olhou à volta e não a viu. Pediu-me uma descrição dela e eu, que a conheço há já uns anos, descrevi os detalhes que mais recordava nela – o corte elegante, a frescura do seu olhar, a forma como os nossos olhares se encaixavam e, muito dificilmente, se conseguiam afastar…

O Paul engoliu em seco e foi procurá-la. Eu continuava a descrição contando-lhe, num tom quase de sussurro, o quanto ela me fazia falta; os momentos para recordar e os momentos para esquecer – porque ela tem esse dom…A maneira como ela por vezes espumava – numa espécie de raiva passiva de quem sabe que vai ser devorada, mas complacente com o destino que eu lhe dava.

Quando eu a encontrava na praia era como se os meus pelos todos se eriçassem pela visão daquela loura que, muito para além de me deixar com a língua de fora, sabia como agir para que a língua fosse para dentro! Ela, só ela sabia…como mais ninguém.

Quando o Paul a encontrou eu corri para ela e abracei-a como nunca o havia feito. O suor dela escorria-me pelas mãos e apeteceu-me tê-la mesmo ali…em público! O que, para quem já foi apanhado a montar uma mula em público não é nada de mais! Havia crescido mas eu nunca fui de me intimidar pelo tamanho ou pela idade…tinha um ar mais experiente e de quem me faria gozar ainda mais.

Ainda eu a namorava quando surgiram as gémeas, trazidas pelas mãos do Paul e eu, que não sou de separar famílias, abracei-as a todas e trouxe-as comigo. Estamos agora reunidos e o sabor dela continua igual. As gémeas olham para nós com ciúme mas o momento será delas, assim que eu termine com esta!!!!

Foi muito bom reencontrar-te…Super-Bock!

Coração

O meu coração é do meu filho. Senti-o quando ele nasceu e, por entre virtudes e erros, próprios de quem é um amador na tarefa, fui-me tornando profissional na área de lhe transmitir os valores que herdei, os que apreendi e, de entre os erros que cometi, a explicar o porquê de os ter cometido e, assertivamente, explicando a razão para ele os evitar.

Não há um melhor Pai do mundo! Porque a tarefa envolve um equilíbrio permanente entre os desejos do descendente e a autorização do progenitor. No meu caso específico tenho a certeza absoluta que o meu filho tem a melhor Mãe do mundo e que, com o crescimento, cada vez mais se revela naquele que outrora foi uma criança saída do ventre dela.

Não sei qual o futuro do meu filho (a ele pertence) mas sei que o presente é a mais bela recompensa que uma criança pode dar aos progenitores. É extraordinária a forma como cresceu, sobretudo enquanto pessoa e, por vezes, dou por mim a “babar-me mentalmente” por ouvi-lo chamar-me Pai.

É ele a minha maior riqueza neste mundo. Cada dia que passa sinto que sou mais rico: por alguma experiência que ele me conta ou, pura e simplesmente, pela visão fantástica que ele tem para com este mundo.

De um Pai orgulhoso para um filho que é um orgulho – 23/5/2017