Por todo o lado aparece alguém diferente a, de forma mais ou menos igual, desfrutar do dia de sol que a meteorologia já havia anunciado. Uns aproveitam para falar ao telefone com os amigos do outro lado do Atlântico, outros para ler e alguns, ainda, para dar largas a todo um acumular de gases naturais que, numa flatulência bem disfarçada pelo abafar de um sonoro camião, soltam para afectar a camada do ozono. Dizer quem é quem seria estragar a beleza que o anonimato confere ao texto.
Há uma brisa, sempre de norte, que arrefece o cachaço enquanto dedilho palavras que formam frases e, como vizinhança, tenho agora uma gaivota com uma expressão que claramente demonstra que até já trincava uma côdea. O trânsito é diminuto nesta hora de almoço e, com alguma abstração induzida, até daria para uma pequena sesta antes do período da tarde. Ouvem-se uns sinos ao longe e alguém repõe a verdade das horas que realmente são.
Os olhos fecham-se, perante mais quatro horas de trabalho, mas a imaginação desperta-os com a visão da lente fotográfica nova que pretendes adquirir. Sorris, perante o anonimato que te protege, num cumprimento a alguém que te brinda com uma pequena vénia de passagem. Ergues os olhos para o sol, fechas os olhos ofuscado pela luz, sorris perante a parvoíce do acto irrefletido. Levantas o nadegueiro, dás um mico ao caminho a percorrer, um último olhar em redor, e eis-nos de volta ao lugar de trabalho.
Terapia ocupacional – 3/2/2025
