Casablanca, o filme.

Tratando-se de um clássico, que recordo ver, sempre que dava na televisão, num tempo em que só podíamos assistir ao que nos era dado a ver, quando nos era dado a ver. Não existia o gravar, poder “puxar para trás na box”, alugar no videoclube, nada! Era quando o canal televisivo decidia, num tempo de ditadura de quem transmite!

Tendo hoje visto o filme, pela enésima vez, constato que o triângulo amoroso deve ser respeitado e o amor-próprio preservado. O início de uma bela amizade, mesmo que seja com o chefe da polícia, vale muito mais do que a traição de um amor que julgamos ter. O avião com destino a Lisboa mais não é do que a salvação de quem constata que o amor já não pode ser salvo.

O facto de começar com a imagem do Arco do Triunfo mais não é do que a indicação de que o triunfo não está presente e que o monumento não passa de uma vã recordação de outrora, de algo palpável mas racionalmente esquecido e remetido para a parte mais profunda do coração de um homem que se entrega e é abandonado numa plataforma ferroviária.

A chuva como constatação da única verdadeira humidade digna desse nome, o prazer que a natureza pode proporcionar face ao que o amor pode roubar. Os jogos de sentimentos tendo apenas um fim material – os vistos para Lisboa – perante um miocárdio masculino totalmente toldado pelo amor de outrora. O falso perante o verdadeiro ser apaixonado e desprovido de razão para, pelo menos, ser um bom observador…a única verdade nela era a mentira.

Play it again Sam – 12/8/2024

Three is a crowd…

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