Com cinquenta quilómetros conquistados, em cinco dias úteis, começo a desconfiar que encontrei um dos trajectos ideais para o verão. O vento vem da direção contrária ao trajecto, há uma quantidade de sombra apreciável, bastantes grupos diferenciados a fazerem exactamente o mesmo.
Depois do excesso que foram os vinte quilómetros de floresta, tão longe de casa e sem a necessária leitura para desanuviar, eis que se conjuga a parte de montanha, cidade e praia – mercê de uma imaginação imparável, claro está. O chegar ao ponto de leitura completamente esgotado para, uns capítulos depois, fazer o caminho de volta.
Munido da sombra de um vento que me impulsiona, grato pelo exercício e pela qualidade da escrita, temo até que esteja mais refém da leitura do que do exercício. Ou talvez não esteja refém de absolutamente nada e, ao desfrutar de uma liberdade absurda, tente encontrar uma explicação lógica para um sorriso inapto, duradouro, parte integrante deste novo eu.
Arrisquei a vida sentimental e deixei uma página escrita, dobrada em três e com a indicação “Multa”, no pára-brisas da menina que diariamente cumprimento e, fruto do humor que a missiva continha, temos um encontro marcado. Curioso como, sem palavras e só com gestos, o diálogo flui tão bem…
Crucificado ou não, eis a questão! 😂 – 2/8/2024