Old school.

A história tinha lugar nos Campos Elísios, bem no centro de Paris, e a hora marcada há muito que havia sido ultrapassada. O primeiro sentimento que lhe ocorreu foi largar tudo e voltar pelo caminho por onde havia chegado. Um telefonema e uma justificação não plausível (não lhe cheirou bem) depois e eis o casal de pretendentes a namorados a encontrar-se – presencialmente, e nessa qualidade, pela primeira vez. Ele não apreciava os óculos dela e, homem de respostas directas, disse-lhe que pareciam uma máscara de ski e que, apesar de estarem perante um inverno rigoroso, não havia previsão de neve ou abertura de pistas pelas grandes avenidas que se reuniam no Arco do Triunfo.

O primeiro beijo, já depois de efectuado o check-in, foi um momento de rara beleza e prazer. Sentados no sofá, virados de frente um para o outro, ele pediu-lhe para fechar os olhos e, narrando o que iria acontecer, segredou-lhe que ia dar um inocente (lol) beijo na orelha – algo que imediatamente fez e que terminou com uma trinquinha no lóbulo esquerdo. Depois, continuando a narrar, explicou que iria percorrer o caminho até aos lábios – algo que fez, com pequenos beijos, enquanto a mão esquerda massajava amorosamente a maçã do rosto do lado direito dela. Chegado aos lábios, e sabendo de antemão o valor sentimental do gesto, degustou-a e deixou-se degustar, enquanto fechava os olhos à vista do Arco do Triunfo, que se encontrava a uma centena de metros de distância, nas costas dela.

Ao ser interrogado, pelas autoridades locais e internacionais, declinou recordar-se desse acontecimento. Invocou a quinta emenda, muito embora lhe tivesse sido explicado que tal emenda não existia no direito francês…Ela pediu desculpa! Era tudo o que eles queriam ouvir…e decidiram começar de novo, utilizando o respeito mútuo como varinha mágica para qualquer tipo de conflito. Porque os bons momentos eram fenomenais mas os maus eram de uma imaturidade atroz.

Como funciona a memória – 26/7/2024

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