O santo João.

Estacionados a rodear uma mesa cheia de aperitivos de fazer babar um qualquer deus terrestre – daqueles que aparecem e que nos dignam com a sua presença – com conversas serenas sobre o passado (serenas porque sabemos rir dos erros de outrora e, ainda com a sonoridade da gargalhada no ar, explicar o que aprendemos com essa tentativa e erro), escutando aventuras do outro lado do mundo e reagindo com a opinião do que somos, a mastigar enquanto apreendemos como se pode triunfar num continente diferente, a conversar com diferentes sotaques e termos locais.

Vinho como hidratante, febras como carne e sardinhas como tradição, salada como complemento e a recordação do leitão do almoço como forma de mentalmente arranjar espaço para esta refeição. O anúncio de um balão que passa como estimulante para o lançamento local que, não tardando, tem os habituais estímulos tão lusitanos: “não é assim!”, “vira ao contrário!”, “não percebes nada disto!”. O pirómano de serviço, auxiliado por um bombeiro de folga, que calmamente orquestra a melhor forma de aquecer e largar o balão. O lançamento que, uma vez efetuado, leva um pouco de cada um dos presentes: um pouco de esforço, de saudade, de empatia e desejo de que tudo se concretize sempre melhor.

A recordação de amigos comuns de outrora, a lágrima escondida pela pessoa que tivemos a sorte de conhecer, as gargalhadas com os feitos que nos ajudaram a alcançar ou tão somente pela alegria que nos concederam. A saudade morta, ali na mesa, com o relembrar de pessoas boas, momentos ímpares, dias que nos marcaram para sempre! Uma delícia de jantar – santo, dizem.

Dia do santo João – 24/6/2024

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