A melhor pessoa do mundo.

A tarefa era simples e requeria que eu atravessasse a rua e entregasse uma bola de plástico aos alunos que com ela jogavam. O trânsito era semelhante aos finais dos anos 80 e só um carro circulava, ainda longe.

A bola veio-me parar aos pés e, consciente dos meus dotes futebolísticos, peguei nela com a mão esquerda. Após notar que era de plástico, apertei-a e, tranquilamente e com tempo, dirigi-me a uma multidão que me indicava o caminho a seguir.

Vários braços ao alto, pedindo que a bola lhes fosse entregue, o que me fez recuar até aos anos 70 e perguntar “Agora pode-se jogar à bola?”. Uma jovem respondeu que era óbvio que sim e eu devo ter feito uma cara de espanto. 

Afirmei que, no meu tempo, tal não era possível e ela, de resposta rápida e racional, disse que eu devia ser do “antes do 25 de Abril”. Devolvi a bola e escutei um “Você é a melhor pessoa do mundo!”. Sorri, com a consciência de quem sabe que tal não é verdade, mas não deixei de responder “Aquela foi a minha sala de aula.”

Parti, com a consciência de dever cumprido, e ainda consegui ouvir o grupo gritar “Muito obrigado!!!!” Não foi a mais hercúlea tarefa da vida mas os agradecimentos fizeram-me ter confiança nas gerações futuras!

Hidratado e contente – 8/5/2024

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