Cantinhos por conhecer.

A maior virtude do ser humano é a sua fome de conhecimento. É a minha opinião e não desistirei dela – do conhecer e analisar o que de novo nos é dado, tudo provém: a sociabilização serena, a empatia social, o sorriso de quem dialoga com o dia-a-dia munido de uma munição de que todos dispõem mas nem todos entendem. Colocar a racionalidade em prática mais não é do que afirmar a nossa diferença para com os seres irracionais que, cada vez mais, tentam sobressair e sobreviver sem que a curiosidade seja, para esses, sequer um hobby.

Num mundo de possibilidades, a escolha de uma realidade de rebanho mais não é do que a afirmação de falta de inteligência ou, no mínimo, a simples falta de saber como interpretar algo novo, uma situação nova, uma realidade diferente do status quo a que se habituaram. Enquanto seres singulares, temos a obrigação de ter um pensamento crítico sobre tudo e cultivar-mo-nos de maneira a superar a novidade.

Acordar muito cedo, num sábado, nunca foi algo que me atraísse mas, “refém” de uma grande dose de curiosidade , assemelhou-se a um grito de Ipiranga – com a força da revolta mas sem mortes à mistura. Mais um misto de curiosidade latente e a possibilidade de colmatar uma parte dessa interminável curiosidade. O despertar foi automático, como sempre, e o modo automático tomou conta deste corpinho que os meus pais fabricaram. O duche, a vestimenta e o material a usar estavam prontos, desde a noite anterior.

Partimos num tanque de guerra, capaz de ultrapassar qualquer obstáculo terrestre, e fizemos do diálogo a “arma” ideal para passar o tempo até ao destino – sem que tivéssemos ideia de que destino se tratava. O dia correu, ou as horas passaram a correr, os detalhes – primeiro visualizados e posteriormente capturados pelo meu amadorismo fotográfico – só no final seriam analisados, a natureza parecia querer mostrar-se e a lente fotográfica parecia anuir a um relacionamento que, apesar de ser de captura, não implicava uma prisão.

Tudo era novidade para mim: os ângulos, as aberturas, a luz solar, os trilhos, o ensopado de rodovalho, a viagem, o sorriso de quem se estava a divertir, enquanto caminhava longas distâncias: como se o ginásio perfeito e ao ar livre fosse algo que eu estava a usufruir de – sem que qualquer mensalidade ou período mínimo de permanência existisse. Uma enorme lufada de ar fresco e o acordar de uma curiosidade pela fotografia.

Estou em dívida – a toda uma natureza humana, a todo um conjunto de estranhos com que nos fomos cruzando, a todos os cenários irrepetíveis com os quais sorri, a todo o ar que inspirei e que, extravasando os pulmões, satisfez a alma. Foi como “andar perdido”, pela República da Irlanda – sem chuva, sem frio, sem obstáculos que a natureza criava. Foi o desumidificar ou despertar a vontade enorme de estar em contacto com a natureza.

A frescura da natureza – 4/2/2024

Reflexos.

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