Eram putos…

Ouve-se muito, em Portugal, a expressão “isto é que me revolta” e, tendo em conta o acidente ocorrido, só me resta concordar! Revolta ver um dos países mais lindos da Europa, quiçá do mundo, devorado por canibais financeiros, cuja única consideração é o dinheiro. Em 2015, as principais estruturas gregas foram desbaratadas em função do que a Alemanha oferecia. O Porto de Piraeus, um colosso que se estende por quilómetros, foi um desses casos. A ferrovia, sempre a dar prejuízo, foi entregue às Rodovias do estado italiano (desconheço em que termos).

Todos os dias acordava cedo, apanhava boleia e ia trabalhar. Simples, barato (o passe mensal custa 27 euros) e eficaz (duas horas diárias a comutar). Hoje cheguei a casa às 21 horas (saí de casa às 8) 5 horas a comutar! Não me arrependo, pois sei que nunca mais entrarei num comboio grego (a viagem Atenas-Thessaloniki era algo que vinha planeando e que só não aconteceu neste fim de semana por um acaso, um feliz acaso).

Enquanto utilizador do suburbano, não era raro termos que parar para que o “rápido”, que liga Atenas a Thessaloniki, passasse. O meu plano era apanhar o primeiro comboio da manhã, já de merenda pronta, para curtir as 6 horas de viagem a fazer algo que adoro – apreciar a paisagem (sim, há tolinhos assim)!

A confiança foi abalada, pela primeira vez, quando o comboio que eu aguardava, em Doukissis Plakentias, chegou do lado errado – maquinista aos berros para que embarcássemos rapidamente. O abalo seguinte foi algo que fui notando: de cada vez que demorávamos mais um bocadinho, parados numa qualquer estação, era possível ouvir o maquinista, a falar, no sentido de obter autorização para prosseguir (sempre tomei a informação que me era dada como uma piada…que, afinal, não o era).

Aborrecem-me estas nódoas que, de alguma forma, afectam a tela mental que tinha idealizado…

Desabafo sentido – 2/3/2023

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