Já tantas vezes nos cruzamos e sempre, mesmo sempre, senti aquele arrepio na espinha dorsal – que não esperamos mas que, quando dá…bate forte! Uma espécie de dor semelhante ao que sentimos quando a dentista procura os canais para desvitalizar o dente – mas sem a dor, só com a celebração por ter encontrado mais um canal.
Talvez eu tivesse dito a mim próprio, imbuído de muita confiança e espírito juvenil, que se eu olhasse para trás e estivesses a olhar então o futuro seria nosso. Tenho uma neblina quanto ao que aconteceu a seguir mas, por entre as abertas que a neblina permite, eu vejo o teu rosto – não estavas séria nem sorrias, não celebravas nem te mexias mas o presunçoso que há em mim deixou os nossos olhos falarem e, tal e qual o pitosga que sai satisfeito do oculista, também eu continuei a subir a rua, com um agradável incómodo na espinha dorsal.
Perdidos e achados – 15/3/2021
