A jornada de recuperação

As pernas já não davam mais e o exagero de caminhar dez quilómetros seguidos estava bem marcado no corpo que, aparentando ter um sentido próprio da vida, adormeceu no sofá. A madrugada da uma da manhã foi o despertar e, sem estar ainda na posse de todas as faculdades, dirigiu-se para a cama onde tombou, sonora e pesadamente.

Abriu as persianas pela manhã apenas para encontrar a meteorologia perfeita para fazer um sábado de pijama – a versão “festa de pijama em tempos de pandemia” em que apenas há um convidado que se prepara para jogar às escondidas consigo próprio! Muito embora pareça uma tarefa árdua e de grande desgaste físico a verdade é que todo o jogo é feito com a “realidade virtual” do século passado – a imaginação.

Comecei a ler o Daniel Silva com o propósito adicional de ir adiando o final da trilogia do século do Ken Follett. Tal como na vida, por vezes adiamos um final porque sabemos a emoção que causará (obviamente há casos de sádicas narcisistas em que não só não adiamos como, após concretizarmos o final, fugimos para os antípodas do local em que estamos – sem nunca deixar de olhar para trás, colocando uma cruz ao alto e exclamando “VADE RETRO SATANA”, enquanto vamos borrifando água benta a cada cinco centímetros percorridos)! Mas, voltando à leitura, são quatro grandes livros fundamentais!

De café na mão esquerda e evitando o aparecimento do cigarro na mão direita, de óculos a evitar as lentes de contacto, de memórias de um dia de praia muito molhado e salgado. Com a tua expressão na memória, sem a recordação do detalhe que nos separa, de ar nostálgico na face enquanto tenta vislumbrar dias em que estávamos em hemisférios diferentes e a comunicação fluía, como um rio para o mar! A minha guia turística online! 

A curiosidade esclarecida é um dom a que poucas vezes temos acesso – 13/3/2021

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