Podia ter fingido que não te via, apesar do conflito que estavas a ter com a máscara, mas jamais deixaria de presentear os meus olhos com a tua visão. É verdade que dei um mau jeito ao pescoço e hoje já tive que massajar durante o passeio. Foi apenas um hino ao silêncio, tal como o “Sound of silence” que outrora ouvimos juntos, muito embora eu sentisse demasiado ruído em torno de nós – não é de agora mas senti muito ruído numa linha de comunicação que já soubeste gerir melhor mas, por outro lado, quem sou eu para questionar o ruído que cada um escolhe como acompanhamento? É uma pergunta retórica!
A manhã começou bem cedo – num misto de cansaço dos passeios diários e vontade de ficar ainda mais cansado – e a meteorologia estava perfeita – sol nas costas no retorno e de frente no caminho de ida (que maioritariamente pode ser feito sem máscara pois não há ninguém com quem te cruzes). Apenas me cruzei com um carro e um cão minúsculo mas com uma atitude de pastor alemão! Os jardineiros procedem ao corte de algumas plantas com mais pólen e as abelhas que ainda existem acompanham-nos – há uma coreografia improvisada pelo facto do acompanhamento de abelhas não estar tão cuidadosamente planeado por parte dos jardineiros!
O misto urbano/floresta permite a conjugação de um pouco de vida social – enquanto andas e cumprimentas quem passa, sem abrandar o ritmo – e o respirar fundo por entre uns bons hectares de floresta – onde sentes o teu corpo a agradecer a dádiva!
São dias atípicos mas facilmente moldáveis para satisfazer o autor – 11/3/2021
