Réstia

Tal como a esperança também já só restava um pouco. A meteorologia, pouco atraente nos dias que correm, facilita o recolhimento obrigatório e desperta a imaginação para toda uma série de ocupações que avaliamos consoante o sorriso que nos colocam na cara. Do simples ócio pós despertar e olhar para o tecto e imaginar momentos bons e vivos da vida ao início de mais uma lareira para acompanhar a leitura na sala. Da aletria quente que “aparece” para a merenda até ao café num local que habitualmente designa os asilos de oligofrénicos.

As nuvens, com um branco demasiado carregado a demonstrar que não trazem chuva mas sim algo bem mais frio, o frio a empurrar-nos para casa – num exercício de uma tal brutalidade que lavas as mãos com água quente, assim que chegas a casa, e verificas se a anatomia permanece intacta. A leitura do segundo volume da história do século, o cigarro que não há maneira de me abandonar e mais uma acha para a fogueira. Já vos contei que a madeira está a ser racionada? Dois sacos por dia a cada comprador! Andamos todos com frio e com vontade de aquecer…com tantas razões a favor!

O mar que mais parecia um lago que só as pedras conseguiam obrigar a formar uma pequena onda, o cheiro da manhã fria que acordava uns e abraçava outros que ainda não haviam sucumbido ao sono, o murinho cheio dos “humanos lagartos” habituais e os “maratonistas” habituais. Passa o poeta e cumprimenta, em passo rápido pois agora “anda a andar” com uma “amiga”.

É uma cidade que o mar enche – 9/1/2020

Deixe um comentário