A chuva miudinha

O título até pode soar a pedofilia mas a designação advém da irritação causada por gotas que parecem conhecer o labirinto para nos irritar (tal como o exemplo da criança que faz uma birra). As gotas, com uma precisão ao nível do Google Maps, encontram um destino em nós – sempre com um impacto de frio que nos mostra que a realidade pode ser dura e refrescante, ao mesmo tempo! O incómodo pode, igualmente, ser visto como uma prova de vida! Senão vejamos: para uma pessoa muito sensível a gota vai despertar os sentidos adormecidos que, perante as evidências, apenas se podem render!

Gosto da chuva – e ela sabe bem disso ou não reagiria de uma maneira tão salutar. Mas não basta gostar da chuva – é preciso sabermos conviver e, acima de tudo, respeitar a sua natureza enquanto a nossa também é respeitada! É isso, assim simples, um salutar jogo de respeito mútuo! Sabermos usar um guarda-chuva para as situações em que a pluviosidade se adivinha perigosa e, pelo contrário, saber gostar das gotas de água a escorrerem pelo nosso rosto, com a situação de comichão inerentemente presente, sempre que se trata de uma chuva menos poderosa. O “saber estar” como condição fundamental para o triunfo de duas forças da natureza!

Não se trata de um jogo de poder de autor versus a natureza mas sim um pacto de não agressão, respeito mútuo e vida em conjunto – numa espécie de inevitabilidade amorosa entre dois elementos da mesma natureza. Não se trata de competir mas sim de entreajuda e superação. Não se trata de ganhar ou perder mas tão somente e apenas de, juntos, superarmos as agruras e desafios da vida. Quando a chuva passar de miudinha a chuva intensa…aí teremos o Nirvana que procurávamos!

Ventos do Golfo do México a afectar o autor – 21/12/2020

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