O início é sempre muito soalheiro (como o Alvarinho, que bebemos e nos faz soltar o melhor que há em nós), segue-se uma fase em que surge alguma rolha no vinho mas, sabendo-nos livres dos THC’s – que tanto vinho estraga, quando a rolha não é devidamente tratada – nós tragamos tudo até ao sorriso de quem bebeu e desfrutou! Depois surgem os “awkward silences” – já sem vinho mas com uma notória falta de rede para executar qualquer acrobacia mais ousada….sem entorpecentes a vida parece tornar-se mais real e menos idílica. Mas é com a realidade que vivemos e, independentemente de todo o Alvarinho soalheiro existente, ninguém consegue estar constantemente a forçar a rolha a ceder!
Num mundo perfeito toda a rolha saberia descobrir a garrafa perfeita para encaixar mas nem este mundo é perfeito nem as rolhas e garrafas são uniformes. Os líquidos são diferentes também e a diversidade de cores diferentes adensa o mistério para quem, visualmente, consegue imaginar todas as garrafas, com todas as suas cores e líquidos diferentes, alinhadas num espectáculo único de cor, magia e álcool. De volta à realidade e a uma pessoa com tempo e emoção, uma pessoa sem tempo e tentando perceber qual a emoção e a habitual bipolaridade do hoje cumprimento ou talvez não. É um mundo de sorrisos aquele que diariamente encontro – se não forem os alheios então levam com o meu sorriso (é gratuito e não ofende).
Curiosamente, ou talvez não, continuo a colocar a leitura em dia e a abstrair-me cada vez mais destes tempos de reclusão, ameaça que paira no ar, a pandemia. Escrevo imenso, para mim, textos que jamais publicarei mas que me delicio a ler – como um miúdo de tenra idade que encontra a primeira carrinha de gelados! O vocabulário aumenta, a memória visual é estimulada e, quando damos por ela, nem saímos desta nova configuração da sala! A lenha….falta a lenha para saborear uma noite – que seja – a ouvir a madeira a estalar, o cheiro da madeira quente, o calor proporcionado por ela. A meteorologia, não só mas também, a condicionar uma série de reencontros que tardam em se proporcionar – ora por intervenção “divina” (recordo que sou ateu) ou por pura falta de vontade que mais não é do que contagiante para a outra pessoa.
São dias de sol e chuva…está na hora de estrear o fato de chuva irlandês em solo português!!!! LOL
