Sempre ela!

Sempre foi o meu segredo mal escondido, aquele amor antigo que, mais do que crescer comigo, fez do meu crescimento uma aventura de deliciosas visões. Imatura pela manhã, em que se assemelha a um bocejo humano, muito madura na forma como se deixa cobrir pela escuridão. Sempre com sons novos, por vezes interrompidos pela estupidez humana que preza o ruído como forma de comunicação, sempre com tons novos, sempre com coisas novas que mudam de forma e alteram a nossa percepção que tínhamos das coisas.

Adormeço acordado a deliciar-me com cada momento novo e, como pessoa que não tem paciência para futilidades, refuto toda e qualquer tentativa de desestabilizar essa paz. Ando de cabeça erguida na rua, não porque esteja acometido de alguma enfermidade mental mas tão só e apenas porque não quero perder nenhum dos momentos (dentro do humanamente possível) que ela me proporciona. Uma espécie de amor profundo cujo corpo se vai adaptando às necessidades do dia e o sentimento evolui numa dimensão honesta e despreocupada.

Sempre me afastei de pessoas menos dotadas intelectualmente – não que eu seja um génio – bem longe disso – mas porque considero que a procura do conhecimento é um dos nossos objectivos máximos na Terra. Não porque seja arrogante mas porque tratando-se da minha vida, da minha felicidade, do meu amor, eu posso ser autoritário na minha procura e, como o nosso tempo escasseia numa medida que não nos é dada a conhecer, prefiro aproveitar o meu tempo com aqueles que realmente adicionam algo ao meu percurso. Já me cruzei com pessoas brilhantes mas desprovidas de sentimentos, já me cruzei com pessoas cheias de sentimentos mas desprovidas de razão e talvez tenha sido essa lição de vida que me tenha trazido aqui.

É a natureza o amor de que falo. Tem sempre razão e delicia-nos com essa racionalidade. Dá-nos dias maravilhosos que, usando os olhinhos, conseguimos perceber. Muda, constantemente, e sabe ilustrar essas mudanças constantes com tons de cores magnificos – daqueles que tentamos recriar numa paleta de cores mas a tarefa assemelha-se impossível e a tela fica aquém da realidade – uma mentira, portanto. Não procuro, apenas encontro. E será sempre esse o mote a comandar este amor pela natureza…nunca procurar….apenas olhar! E, assim, sou feliz. Irónico que o seja com tão pouco? Nunca enxergaste a natureza em todo o seu esplendor se não concordas e essa ignorância só será superada com uma abertura total ao que a natureza nos dá!

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