Eu não lhes chamava curvas mas sim as linhas perfeitamente idealizadas para mim. Esculpidas no mais belo tom, ruborizada de maneira sempre oportuna, um sorriso que me faz engolir em seco e apreciar, mãos que me permitem a proximidade sem as indecências que o cérebro conjetura. A primeira vez que te vi o queixo caiu-me pelo que mantive sempre a coerência quando colocado perante a tua presença. Provavelmente notaste e eu talvez também tivesse notado que saías do banho – de toalha geometricamente enrolada num revelar de formas que gravei numa ROM da minha cabeça!
A maneira como nos fomos conhecendo envolveu a estratégia de fugir do local errado, o chegar ao maior mercado semanal sem querer largar, o ouvir o “The sound of silence”, a humidade de uma onda que nos enrolou e nós, inocentemente, enrolamo-nos ainda mais. Aspiramos a ser o que quisermos e como quisermos. O gorro obriga a um pouco de cardio – fundamental para dinamizar o fluxo intestinal, o teu toque faz-me vibrar e a tua mão fria é o ânimo necessário para mais um dos nossos sorrisos vermelhos que, por trás do corar infantil, esconde dois corações adultos imersos um no outro.
Perdido no 4G – porque amantes de todo o tipo de ondas – achou-se no contacto. Achado no contacto perdeu-se no toque e teve – sim, foi uma obrigatoriedade racional e, se pesquisarem na internet, certamente encontrarão literatura sobre o assunto – teve que a abraçar e, como duas peças de um puzzle, encaixaram nos braços de uma maneira tão perfeita que nem os melhores artistas conseguiriam produzir ou, permitam-me a modéstia, jamais sequer aspirar a reproduzir! Era mais do que uma obra de arte….era a NOSSA obra.