Rambo

Só ao terceiro dia, apercebendo-me que afinal eu é que precisava de ajuda para me ver livre dele e não o contrário, é que o baptizei de Rambo. Só imaginava o que seria necessário para que a execução decorresse com o mínimo de dor e máximo de efeito letal. 

No primeiro dia, assim que abri a cortina do chuveiro, senti uma “presença” e, após uma revista minuciosa, o fdp (deve ler-se filho de peixe) lá saiu do cimo da minha orelha, de onde já havia retirado o sangue que pretendia. Procurei-o mas sem sucesso.

No segundo dia procurei-o – tal como outrora bati o pé a uma barata, na Grécia, e ela se começou a dirigir a mim…acabando eu por ir dormir a um hostel – também agora eu estava disposto a enfrentar o Diabo…até certo ponto. O duche decorria normalmente quando, mercê de um jeito dado à cortina, vejo o Rambo a dirigir-se a mim. Estava sem lentes mas era capaz de jurar que nos olhamos, olhos nos olhos. Tentei capturar a presa mas, mais uma vez, sem sucesso. Descobri, no final do duche, uma nova picadela na orelha (devem ter mel….).

O terceiro dia foi estilo David versus Golias e o Golias era ele e eu havia mudado de nome! Vasculhei o pequeno quarto de banho, por todo o lado possível e imaginável, numa tarefa digna de ser vista e revista por um CSI capaz de estar à minha altura. Fechei a porta do WC e iniciei o duche. Foi já com o shampoo na cabeça e de corpo ensaboado que senti uma picada na orelha oposta e, após verificar, lá vejo o Rambo, Parte III, a voar pelos céus do WC…

Ao quarto dia nada foi deixado ao acaso. Acordei e a primeira coisa que fiz foi encher o WC de insecticida, fechar a porta, lavar as mãos e aguardar o efeito enquanto tomava o pequeno almoço. Passadas umas horas, e devidamente prevenido de rede profissional para matar cenas que voam das quais não gostamos, dirigi-me para o WC e, antes de entrar, vejo no cimo da porta do WC o Rambo. 

Paz à sua alma…

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