Ainda não consegui perceber como funciona o encontro de pessoas mas, por vezes, há momentos muito recompensadores, mesmo se só compreendemos o primeiro nome. Olhamo-nos, sem nos conhecermos, assim como já nos havíamos cumprimentado, sem que algum dia tenhamos sido apresentados. O António situou-me mas eu estava distraído a olhar-te, a construir a tua imagem no meu cérebro, para mais tarde recordar.
Tens detalhes de pessoa nova na vida de outrém, isto é, na minha imaginação. É um capital de confiança limpo, sem cadastro de inconfidências, manipulações, narcisismos ou a noção errada de que o tempo é eterno – pois, enquanto humanos, nós não o somos!
Se é verdade que todos temos virtudes e defeitos então a minha visão deve estar deturpada por sentimentos a quererem ser amorosos…
Desculpa se não fui mais longe mas a noite foi longa e a manhã também já o estava a ser. Sou, neste momento da vida, um alegre observador. Vejo tudo e aprecio – rapidamente desvio a atenção de conversas estéreis sobre futebol, política ou religião e foco a atenção em quem passa, quem está e, sobretudo, quem me sorri e, o teu sorriso, é enorme – em termos do conforto que proporciona. Captaste o meu campo de visão, na sua plenitude, e o mar passou a ser secundário (muito provavelmente vai vingar-se, no meu próximo mergulho).
Observar…esse pequeno gesto que nos pode dar tanto e que nós nos esquecemos de praticar com a atenção necessária…
