Aquele texto sem imagens…

…porque a nossa imaginação nos consegue transportar muito além de qualquer imagem.

Entre conversas de religião, notícias falsas que têm mais poder nestas alturas de desconfiança, uma programação merdosa nos canais portugueses, eis-me decidido a apanhar ar! Como sou um cidadão cumpridor e sempre fui (Ahahahahahahahah) – apenas achei que dava um ar mais sério ao texto – decidi arriscar tudo por um pouco de ar fresco! As janelas estão abertas, chovem umas pingas dentro de casa, na tentativa de apanhar o máximo de ar circulante no pequeno apartamento mas…não chega. Arrisco? Não arrisco?

Dou por mim na janela da cozinha, com a cabeça bem fora da janela, e tentando perceber:  porque é que fumo na janela se não partilho o canto com ninguém? Por respeito, recordei-me! Porque um dia me pediste e, porque a educação define quem somos (não só mas também)! Lembrei-me do tom da tua voz, da tua cara enquanto proferias as palavras, do teu cabelo e de toda uma saudade que só peca por uma palavra. 

Chove e, no meio das pingas de água que vão caindo, passam dois pássaros a voar a uma velocidade estonteante (as aves, ao contrário dos humanos que pilotam aviões, não precisam de gritar “V1” quando atingem uma velocidade que não lhes permite travar – dado que o comprimento da “pista” das aves é infinito – pelo que fazem um movimento de corpo, em que parecem puxar a cabeça para trás e colocam o corpo a oferecer resistência ao ar, travando assim o voo). E assim pousaram ambos na antena de TDT do prédio aqui ao lado. Chilreavam animadamente e travaram de modo a pousar em 2 lugares distintos da antena. E ali ficaram, os dois, a “conversar” animadamente.

Era capaz de jurar que éramos nós, de costas voltadas para o mar, a voar sem limites e com tempo, com todo o tempo do mundo e sem controladores aéreos que nos limitassem! De asas bem abertas, com os diferentes e maravilhosos tons de penugem a serem mostrados a quem perdesse tempo a observar-nos! A chuva? A chuva arrefecia os nossos ânimos e permitia que nos equilibrássemos na antena que ondulava à mercê do vento…

Eu gosto é do Verão… – 5/4/2020

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