A mochila como acessório para fingimento puro de quem não leva absolutamente nada dentro dela. Uma espécie de princípio, que finge determinar que regresso a casa apenas de passagem, e que a casa a que regresso possui tudo – o que determina o porquê desta ser A casa a que retorno.
O som como método de, juntamente com a leitura, bailar. Uma melodia que acompanha o humilde narrador – da cidade em que habita até à cidade em que nasceu. Um trautear que começa na partida e só termina quando o regresso a Cork acontece. Um som e uma leitura que só terminam quando a mochila regressa ao armário de onde saiu e o humilde narrador exclama “Voltei”. Uma leitura que me permite exclamar “Já?” em cada escala feita. Um folhear que é alimentado pela imaginação do leitor perante as palavras do autor – um divagar pelo mundo, pelo espaço, pela natureza, pelas pessoas – movido pela imaginação de outrém mas ajustado à imaginação de quem lê.
A saudade é aquela portuguesa de difícil tradução. Já aqui abordei o “matar saudades” – como uma espécie de homicídio legal, com que as autoridades pactuam e que, uma vez executado, contribui de maneira profunda para um restaurar de valores, dos sentidos, do significado de cada um e cada coisa nesta jornada a que chamamos de vida.
Até já Espinho.