A folha não tinha absolutamente nada nela. Estava conforme foi expedida da fábrica e destinava-se a ser usada por quem soubesse o melhor uso para ela. Estava propositadamente em branco.
O facto de todos os lápis de cor, pincéis, tintas e demais utensílios habilitados para a preencher estarem afastados não era obra do acaso, mas sim a própria folha que o impunha! Ela queria manter-se em branco até se sentir em condições de ser preenchida pelas melhores cores para a cobrirem e mostrarem ao mundo todo o potencial dessa união.
A folha gostava do cheiro de certas cores – costumava mesmo partilhar com a restante resma que “havia cheiros que a faziam ceder”. Ouvi esta confissão de uma folha que me entrou no escritório e resolveu denunciar a folha que “tinha gostos e era desprevenida”. Não pedi para conhecer a folha mas, sem que eu desse por isso, a folha conhecia-me melhor do que eu…
Vou desenhar com ela…