Originalmente publicado a 6 de Novembro de 2015 mas perdido nas inúmeras mudanças de alojamento do domínio.
Foi de repente…
Não esperava que voltasses. Não que não tivesse um desejo enorme de voltar a ter-te (“Tudo o que não nos destrói, torna-nos mais fortes”, já escrevia Nietzsche) mas simplesmente porque a febre que impões em mim eleva-me a uma categoria de forno industrial – daqueles usados para fabricar o vidro e cujo simples colocar em funcionamento obriga a horas de preparação, calor e muita areia – pensei que te tinha visto, de costas voltadas à beira-mar mas, afinal, voltaste!
Fugi de ti para o mais longe que consegui. Escondi-me, fugi, corri, tive medo e receio de ti e, no entanto, parece que voaste ao meu encontro. As minhas costas cederam perante a pressão que sobre elas exerceste e, ao invés de um passeio romântico a três – eu, tu e a cadela – de repente gritaste-me: não sais de casa! E eu, que já te vou conhecendo, tentei contrariar essa temperatura com que fazes questão de me contemplar. Apresentei-te aos meus amigos e eles não gostaram de te ver. Desde desculpas de “energias negativas” a espirros de saudação eis-nos escorraçados para a reclusão até que partas!
Não sei porque me persegues!!! Porque me fazes chorar quando tudo o que pretendo é rir?! Porque me fazes ter corrimento se eu sou um homem?! Porque me atiras abaixo sem um segundo propósito definido?! Não te quero ver mais este ano! Desaparece, por favor. Fui e sempre serei educado para contigo – especialmente quando estás com outros e não comigo – mas, desta vez, parece que tens a força do exército grego aquando da Batalha de Marathónas e todos sabemos que os gregos estavam demasiado fortes naquele dia.
Dei-te uma de 4 em 4 horas e não desististe – mas enfraqueceste – e pude alterar a cadência para uma de 8 em 8 horas e estou quase a vencer-te. O meu último lenço branco não será um sinal de rendição mas sim de vitória.
Maldita gripe!