Porta 2

Levo comigo todos os abraços, beijos e manifestações de carinho e já estou ávido por mais. Olho o sol e sei que vou ter saudades dele, vejo o avião e trocamos olhares de afecto, ouço o anúncio e passo a ser um simples passageiro que terá que embarcar na porta 2.

Espantosa última noite em que bebemos e observamos o mar como se fôssemos atravessar o Atlântico numa nau. Por entre finos, príncipes, canecas e um amendoim, no sentimento misto de quem já está de partida sem ainda ter partido mas muito grato por todos os detalhes.

Observo, por vezes, pessoas que mencionam que as pessoas mais velhas voltam a ser crianças (em termos de comportamento) e, muito embora concorde, devo acrescentar que o comportamento pode ser de criança (devia haver uma lei a exigir essa obrigatoriedade) mas a sabedoria é realmente o melhor que conseguimos assimilar numa vida.

A caminho dos teus braços, com o vinho que tanto pediste, com a saudade que não esperávamos mas que nos dá um alento diferente. A caminho de um novo apartamento, mais perto de ti, de onde podemos conversar de varanda para varanda – nas poucas ocasiões em que a meteorologia o permitir.

Hoje e sempre: até já.

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