Revisitando

Dás por ti a fazer múltiplas comparações entre a Grécia e a Irlanda e concluis que há mais pontos comuns do que divergentes. Não tens o calor – olhas para as camisas de algodão e perguntas porque raio as trouxeste, contemplas os calções de banho e sorris – porque estás muito próximo do último local europeu onde o Titanic esteve antes de atravessar o Atlântico e só os usarias numa emergência semelhante, bebes um capuccino quente – na Grécia seria a mesma bebida mas gelada. 😅

Relembras o doloroso mergulho, na tua praia Espinhense de sempre, quando tiveste que sair a tremer – pois já não estavas habituado a temperaturas de água tão baixas – perante o olhar incrédulo do teu filho que, movendo ambos os ombros ao mesmo tempo, foi dar outro mergulho enquanto tu procuravas restabelecer a temperatura corporal… vais ter que te habituar novamente! 😋

As noites de 32 graus centígrados, em que passeavas em Plaka até altas horas esperando que a temperatura descesse…as ilhas que descobriste com a melhor guia local, os detalhes dos Gregos, que mentem aos turistas para manter as praias mais bonitas para consumo interno (sorris quando recordas que não podias falar, apenas cochichar com a tua guia).

Sabes que as recordações são para ser revisitadas, com o valor que cada uma te merece, sem que condicionem o teu presente ou futuro. Sorris quando recordas algumas das travessuras no Egeu, Jónico e Mediterrâneo – sobretudo quando achaste o Mediterrâneo o mais fresco dos três! Sim, era mesmo disso que estavas a falar…

Muito tens equilibrado as coisas! Tens conhecido gente fantástica e em segredo já choraste a partida de alguns colegas, tens explorado a cidade como um Robinson Crusoé dos tempos modernos – apanhas o primeiro autocarro e vais espreitando pela janela até veres o destino que mais te agrada, agradeces ao motorista e sais… só depois consultas o Google Maps para veres por onde andas, tens conseguido arranjar bilhetes para os eventos que queres presenciar, tens vivido – como gostas e rodeado de quem queres. Continuas a arrepiar-te de cada vez que vês um dos habitantes locais de manga curta…mas a maneira como nos acolhem revela um povo de coração quente!

Vais acompanhar, à distância e com a ajuda do teu filho, aquele momento que esperas que seja de glória para o clube da cidade em que nasceste. És um saudosista, um sentimental, mas é só assim que consegues viver – de forma honesta e aberta, sem segredos, assumindo os erros e as virtudes e caminhando por ti e em prol dos teus.

Homenagem neste dia às duas mães mais virtuosas que conheço – a minha e a do meu filho. Com demasiadas virtudes para todas enumerar, força de viver, pródigas na arte de transmitir conhecimento. Singulares porque únicas – obrigado por fazerem parte da minha vida.

Devaneio dominical – 7/5/2017

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