Se é verdade que sofro com o calor – quando é demasiado – e a Grécia provou-me bem isso, também é verdade que prefiro o frio – que pode ser controlado de uma maneira muito mais equilibrada que o calor (são gostos, não vamos discutir, OK?). Os dias têm sido de máximas de 4 graus e mínimas que nos obrigam a começar a funcionar mesmo antes da cafeteira italiana ter acabado de fazer o café – tão fundamental como a chave na ignição de um carro – no que a funcionamento diz respeito.
O ambiente é fantástico, a ida para o emprego é feita em 25 minutos a pé, o projecto é para um dos maiores colossos de TI do mundo. Voltar da empresa já chegou a demorar 4 horas e meia…não que estivesse mau tempo (por acaso chovia) mas sim porque é sempre mais agradável passar um final de tarde num pub, com aqueles de quem gostamos, a ter que enfrentar as incómodas gotículas que parecem ácaros na capacidade de se infiltrarem nos piores sítios…e são geladas também.
Rodeado por um Polaco – que constantemente abre as portas e janelas porque “está calor”, um francês que, assim que chega a casa, faz sempre uns cozinhados maravilhosos, uma Italiana cuja maior preocupação na vida é a máquina de café – estes são os meus companheiros de residência. Pessoas tão diferentes, todos com histórias maravilhosas para contar, que nos ensinam a ver (sem estar presente) como são os seus países.
O mesmo sorriso parvo, cuja existência não sabemos bem explicar, voltou. Se agora já não tenho que lutar contra o calor a verdade é que tenho que me proteger do frio…mas com isso posso eu bem.
Por vezes na vida temos a sorte, a maravilhosa sorte, de encontrar alguém com quem imediatamente sincronizamos. Como se fosse possível, no mundo, duas pessoas estarem sintonizadas na mesma frequência e ambas adorassem esse facto.
Sabiam que em Cork os passageiros do autocarro agradecem todos ao motorista quando estão a sair na paragem de destino? Detalhe maravilhoso…
Diário jamais inacabado de um, novamente, expatriado. – 22/3/2017