Começou por ser um jantar e, passados tantos anos, parecia que se ia transformar num rápido café se algum dia nos cruzássemos. Havíamos partilhado dez anos na mesma Empresa e, desde o primeiro dia, havia sido a minha madrinha no ensino de todas as aplicações com que tínhamos que lidar bem como a afinação do discurso que deveríamos ter com os clientes no contacto telefónico.
Ironicamente havia algum nervosismo do vosso humilde narrador, era como receber uma irmã e havia o receio de que tudo tivesse mudado…ou eu tivesse mudado. Advém do tempo que havia passado entre a última vez que se haviam visto e ele, em jeito desafiador, deixou-lhe a mensagem que tantas vezes lhe havia dito – roubada do filme “Bom rebelde” – em que o personagem Chuckie diz:
“Oh, I don’t know that. Let me tell you what I do know. Every day I come by to pick you up. And we go out we have a few drinks and a few laughs, and it’s great. But you know what the best part of my day is? It’s for about ten seconds from when I pull up to the curb to when I get to your door. Because I think maybe I’ll get up there and I’ll knock on the door and you won’t be there. No goodbye, no see you later, no nothin’. Just left. I don’t know much, but I know that.”
Porque ela não pertencia aquele mundo de pessoas a serem constantemente oprimidas e diminuídas, porque ela sabia mais do que todos nós mas, e essa deveria ser justificação suficiente para ser devidamente valorizada, porque ela valia mais de 80% do mercado português na marca de que era gestora.
Eu sorria imenso no dia em que abandonei aquele barco e troquei os remos por uma (que agora serão duas) aventuras internacionais. Mantivemos o contacto pelas inúmeras ferramentas que a tecnologia nos fornece mas nada substitui a presença daqueles que mais valorizamos na vida.
Este sábado vingamo-nos e, como se velhos amigos se tratassem, retomamos a conversa como se ainda nos cruzássemos todos os dias. Falamos de tudo o que nos tinha levado ali e, no final, só havia uma coisa a dizer-lhe: isto deve ser mesmo amizade porque me senti como se tivéssemos retomado a conversa onde a deixamos e ela tivesse fluído exactamente da mesma maneira de outrora.
Assim vale a pena ter amigos! Obrigado.
Hino à amizade – 12/3/2017