Os amigos tinham chegado a acordo no tratamento social…de então em diante todos se tratariam por Chico! Acabavam-se as confusões no tratamento, os “betinhos” largaram o você, os citadinos largaram o tu, os aldeões largaram o sotaque – todos tinham o mesmo nome logo eram “exactamente iguais” – havia alguma confusão quando um eventual Francisco verdadeiro era tratado pelo diminutivo mas, de maneira geral, o plano correu sempre bem.
O hábito enraizou-se de tal forma que, quando em grupo, se identificavam sempre pelo diminutivo acordado – para espanto das autoridades, nas poucas ocasiões em que foram abordados e se identificaram. Não eram um grupo de amigos mas um grupo de irmãos que partilhavam os ensinamentos recebidos numa procura constante de se superarem…todos juntos. Não havia inveja, não havia nada que não fosse a nobreza de quererem, juntos, serem melhores.
A vida separou-os pelos diferentes cantos do planeta mas não separou a essência que sempre os manteve unidos. Comunicavam-se agora através de mensagens instantâneas, videoconferência ou telefonemas rápidos a combinar qual o método mais barato de comunicação a usar para se manterem sincronizados.
Uns casaram, constituíram família e outros mantiveram-se solteiros. Visitavam-se amiúde e, apesar da velocidade de sincronia ter diminuído, nunca deixaram de lutar pelo ideal estabelecido na adolescência. As agruras eram superadas em conjunto e as alegrias celebradas no evento seguinte – que rapidamente organizavam.
Houve “partidas” e novas “chegadas” ao universo próprio que haviam criado. O conhecimento era a base da sua força e sempre muito bem recebido pelos novos membros e recordado aquando da partida dos “velhos” membros.
A maneira como viviam inspirou cada vez mais pessoas e, quando parti dessa viagem a esse planeta desconhecido, todos haviam abraçado os mesmo princípios que, apesar de percursos tão diferentes, estavam alicerçados em valores que fizeram deles o planeta mais invejado do sistema solar. Invejado? Sim…por aqueles que nunca haviam conseguido alcançar esse planeta tão perfeito.
Devaneio espacial (de especial não tem nada) de um gajo que gosta de se rir – 12/1/2017