Naquele sítio onde normalmente ou se consegue tratar ou se faz uma extracção. Naquele lugar onde, normalmente, a visita é sinónimo de dor. Aquela cadeira que, sendo igualmente eléctrica, não fulmina aquele que nela se senta.
Foram quase 2 horas de batalha, de lábios literalmente abertos e de boca a desafiar a mosca, mas a só colher bisturis, afastadores, osso em pó, metais e outros afins da cirurgia.
Concentrado nas 2 lâmpadas economizadoras do tecto, tentando abstrair-me do nome das ferramentas que iam sendo pedidas e “deglutidas”, pensava nos mergulhos do último Verão – a água salgada que corria pela broca ajudava a manter o ambiente de maresia.
A certa altura, e dado o nome da ferramenta que era pedida, pedi que por favor não mencionassem o nome do que iam usar a seguir pois sofro de imaginação fértil e senti-me, por breves momentos, como alguém que estava a sofrer por antecipação.
Breves momentos de sofrimento porque a nossa imaginação é fértil é apenas sinónimo de vida! Após ver os pontos a serem dados – e foram bastantes – lá pude ser libertado das amarras metálicas que me uniam à cadeira e, num misto de muita anestesia e outras drogas legais – ver um video de uma qualquer membrana que todos nós possuímos na gengiva e a correlação dela com o nosso movimento respiratório…giro, para quem gosta destas coisas mas não para quem acordou 2 vezes no recobro por tentar ver cirurgias do Pai.
A PDI leva-nos o osso mas o génio humano já criou a maneira de a contrariar. Em pequenas e grandes coisas. Bem haja!
A caminhada é de 3 meses até receber a primeira coroa e mais alguns até a coroação estar completa. Uma cerimónia só ao nível de monarcas impares…
Da série “Fui ao dentista e voltei alegre” – 10/1/2017