Viver num país de ilhas é como ter um pátio diferente onde brincar…fim de semana após fim de semana…e explorar as novidades dos “novos brinquedos”.
Zakynthos foi uma maravilhosa surpresa! Chegado na sexta-feira, após um voo de 55 minutos, eis que me deparo com a primeira contrariedade – o transfer do aeroporto para a cidade (que dista 2 Km do aeroporto) tem um custo de EUR13! Está inserido no rol de coisas absolutamente idiotas que a Grécia tem, isto é, os taxistas unem-se e estabelecem que a bandeirada mínima é de EUR13! Em Atenas, capital do país, para se gastar o mesmo montante de táxi temos que, no mínimo, chegar a 30Km de distância…enfim, parvoíces de quem é nitidamente amador num país em que, fosse o turismo gerido por profissionais, seria o único destino turístico do mundo – tal a diversidade de locais maravilhosos para visitar. O Taxibeat – aplicação que tanta vez me faz evitar taxistas sem escrúpulos, não trabalha na ilha e, dado o cariz agressivo dos taxistas locais, percebo que se a Uber ou algo semelhante aparecesse por aqueles lados…imediatamente seriam chacinados (no mínimo).
Mochila pousada no hotel, ainda fresco para explorar a cidade, eis que percorro os cerca de 500 metros que distam do hotel ao centro. A noite é tipicamente grega e todos os cafés e restaurantes estão cheios sendo que alguns bares já começam também a encher…opto por um restaurante central e com uma ementa diversificada que me conduz a uma boa costeleta, com Tzatziki e uma batatas fritas para acompanhar – os legumes já lá estavam e soube-me muito muito bem o acompanhamento da Heineken fresquinha. Refeição concluída e faço uma rápida inspecção pelos bares da praça central e, após uma cerveja num deles, resolvo recolher…afinal estou cansado e amanhã ainda tenho que alugar o carro pois quero conhecer tudo pelo meu horário e com base na minha inexperiência da ilha perder-me em locais que possa reter na memória. Chegado ao hotel vejo um Grego a conversar com 2 chinesas e descubro que estão a combinar a expedição a Navagio para domingo…meto conversa e consigo apalavrar um carro para o dia seguinte de manhã, entregue no hotel…óptimo, posso descansar!
Acordo no sábado, depois de uma das melhores noites de sono de que tenho memória na Grécia, para tomar o pequeno-almoço e constatar que o carro já foi entregue! Duche rápido e eis o vosso humilde narrador nas estradas – que não são muitas – da ilha. De mapa de turista na mão, mas de roteiro já bem interiorizado, estou ao volante com a confiança de um local mas com a pequena contracção de ser um turista…ou viajante? Nem sei, sei que adoro observar tudo e demoradamente e, muito provavelmente, serei uma pessoa muito diferente de todas as outras na maneira como abordo e aprecio o que me rodeia – o que me faz sentir imensamente bem porque o faço à minha maneira, com a minha falta de método e sempre com resultados que – para o júri que sou eu mesmo – são sempre espectaculares. Por tentativa e erro dou por mim no extremo norte da ilha onde encontro uma praia pequena (Makris Gialos) onde decido ir – há um café do outro lado da estrada o que é fundamental em dias de calor como os que tive. A praia era maravilhosa e diverti-me a meditar, tirar fotografias às minúsculas ondas e à sua transparência e a constatar que o braço esquerdo começava a ficar afectado pelo “bronze de camionista” – que é um rótulo super giro para quem conduz debaixo do sol e se esqueceu de colocar creme protector sabendo que iria precisar…coisas que tenho que continuar a educar-me até aprender.
Saio da praia e como algo no café do outro lado da estrada…sou o único turista e está tudo a ser estreado para a época que se avizinha. Um misto de sensações e cheiros de mobília nova, a maresia, o sol…maravilhoso! Hora de voltar à estrada e chego ao miradouro de Navagio Beach…até salivei com a vista! A vista é maravilhosa e o azul claro de Navagio Beach contrasta com o azul mais escuro do mar que se consegue ver justamente atrás do rochedo que delimita a praia e a torna acessível só por mar. Eu não acredito muito em rankings de coisas – pois acho que é tudo uma questão de gosto e o quão bem nos inserimos naquilo que está a ser classificado – mas senti que estava a ver uma da mais belas praias do planeta. Continuei a salivar quase que a querer antecipar a visita do dia seguinte.
Continuei a minha descoberta e cheguei a Keri, ao antigo farol, de onde se vê o mais belo pôr do Sol – a não perder e é algo que terei que repetir! Atravessei a ilha – usando a única estrada disponível nessa parte – até Laganas onde se situa o santuário das tartarugas e que merece uma visita (desde que não seja à noite). Percorri toda a costa até chegar novamente ao centro – completamente estourado mas com um sorriso de sucesso ao nível de um Vasco da Gama! Tinha os olhinhos a brilhar – como que a agradecer as belas imagens – o coração cheio – como que a dizer “Obrigado por um dia muito bem passado” e a alma recheada de memórias para partilhar mas, acima de tudo, recordar com saudade. É hora de jantar e escolho novamente a praça para o fazer – o restaurante ao lado do anterior e com a escolha a recair no peixe fresco que me soube muito bem. O empregado resolve oferecer uma cerveja para além da que eu tinha bebido e constato que realmente estou cansado e o melhor é mesmo ir para o hotel pois o dia seguinte começa às 8!
Uma campainha estridente, pessoas a correr e…acordei! O que raio se passa?!!?!? Saio do quarto e sofro uma pancada de uma freira em camisa de noite…ela grita e eu…também! O que raio se passa????? Desço à recepção e descubro que a luz falhou…é uma falha geral na ilha e o alarme que está a soar é da cozinha do hotel (deve ter sido um surdo que fez a montagem do alarme pois, muito provavelmente, ouve-se na ilha inteira!) São 6 da manhã e aproveito para dar uma volta junto à praia e fotografar o nascer do sol. O tempo passa sem que a luz volte e eu resolvo investigar onde posso tomar o pequeno-almoço uma vez que o hotel não tem gerador…Após o repasto de frutas e iogurte grego chego ao hotel e é hora de partir. Vamos às grutas azuis…
O dia de domingo é passado entre barcos, na visita às grutas azuis – onde nadei – e Navagio – onde obviamente me deliciei com o azul da água e a sua temperatura! É uma praia de sonho e o nadar nas grutas permite-nos ver a transparência da água enquanto estamos no meio dela – imperdível. Fui o condutor de serviço de um dos carros da excursão – eu era o Europeu, havia uma Americana de Seattle e 14 chinesas. Outra ida a Keri para vermos o mar e fotografar e acabamos por fazer – juntos – um roteiro muito semelhante ao que eu havia feito no dia anterior mas com mais “conhecimento de causa” pois tínhamos um guia local.
Voltei a Atenas muito contente com tudo – apesar da noite mal dormida – e consegui outra noite de sono espectacular. Estava cansado mas pela melhor das causas – a minha satisfação!

Aquele abraço.
Henrique Milheiro da Costa Correia de Matos