Por mais que evite pensar no assunto eu não consigo. Qual menino a quem dão um presente novo, inesperado, e sobre o qual ele não tem nenhuma pista também eu quero “desembrulhar” a próxima ilha. Depois de no ano da chegada ter conseguido visitar Aegina, Poros, Kea e Hydra eis que agora concretizo um dos destinos que sempre quis conhecer – Zakynthos. Sou gozado por “alguém” com quem falo mas é um gozo bonito e salutar…como quem, ao ouvido, nos sussurra “quem me dera ir contigo”!
Sem querer “aturar” ninguém, sem querer ter tudo planeado – mas quase tudo já está “debaixo de olho” quanto ao planeamento – eis que parto na próxima 6ª feira ao final da tarde. É um voo curto, com cerca de 50 minutos, numa sexta-feira dia 13 (não sou supersticioso mas, por favor, deixem-me curtir a ilha primeiro e depois levem-me se for esse o propósito).
A meteorologia prevê uns bons 24 graus celsius – que, para um gajo que apanha escaldões em qualquer raio de Sol, é algo bastante perfeito – e marés muito calmas – como se aqui as vagas fossem acima do dedo grande do pé…quando a rebentação dos navios que passam ao largo chega à praia o máximo que podemos temer é uma ou outra gota de água morna a bater no joelho!
A mochila está pronta, com o último livro em português que me resta, com nada mais do que o fundamental e básico nestas ocasiões – calção de banho, pijama, escova e pasta de dentes, havaianas, desodorizante e uma muda de meias e cuecas. Qual Robinson Crusoe auto-imposto e dos tempos modernos eu só quero descansar, conhecer e passear…muito. Nem que para isso tenha que chegar, no domingo, no mesmo estado lastimoso em que cheguei de Bucareste – completamente exausto, pés em sangue mas feliz…muito muito feliz por ter sentido que tinha “ouvido” a história – ao estar em frente ao Parlamento Romeno e a imaginar os 100,000 habitantes que outrora acordaram o casal Ceaușescu para mais uma das revoluções num país que havia pertencido ao Pacto de Varsóvia. Algo muito íntimo, muito meu, mas que me deu um gozo, uma alegria e uma nova maneira de olhar as coisas, pessoas e até a vida.
Tenho “pesadelos” que me acordam com o barulho do meu corpo a entrar nas águas mornas do Mar Jónico…os mesmos que me fazem sonhar com uma ida ao Mar Morto! Ter “pesadelos” assim não custa…o que custa é concretizar o sonho e esse, aos poucos, eu vou concretizando.
Aquele abraço.
Henrique Milheiro da Costa Correia de Matos