Perdido para me achar…

O titulo soa a antítese mas a verdade é que sem nos perdermos não podemos chegar à conclusão que o rumo é o correcto (excepto quando chegamos ao destino o que, na vida, pode ser tarde para descobrir que aquele não era o destino correcto).

Sempre consegui ser desregrado e cumprir com as regras. Até um ponto em que as regras se impunham e eu não consegui deixar de ser desregrado. Se há coisas belas na vida uma delas é a liberdade que temos e que, enquanto adolescentes, é fruto da liberdade que nos dão e também a que consegues conquistar face aos que te sustentam. E eu tive imensa…e talvez tenha conquistado para além, muito para além, daquela que merecia. Responsabilidade sempre minha já que, com a habilidade que a adolescência nos dá, aprendemos a contornar obstáculos e a viajar muito acima dos 120Km/h permitidos por lei. O pior é quando aparece uma Operação Stop…

Hoje bateu forte o saudosismo do mar e lá tive que ir para o Porto de Piraeus “matar” saudades. Entre turistas japonesas, a viagem de comboio – e, por fim, conhecer a estação, já que anteriormente fui sempre de autocarro – o reconhecer toda uma zona onde cheguei a 17 de Maio do ano passado. Não foi um recuo temporal mas apenas o voltar a passar por zonas que já conhecia e que sempre adorei e outras que, desconhecendo, juntei ao rol de coisas que passei a gostar.

Ver os navios a partir – alguns para viagens de 14 e mais horas para Santorini e Mykonos – outros a chegar – as pessoas com caras felizes, mas cansadas, ansiosas por voltar à origem mas, ao mesmo tempo, já saudosas dos bons momentos que passaram. E vês tudo isso na cara das pessoas – algumas delas com um sorriso imenso na cara, outras com o cansaço feliz mas já com a consciência do regresso ao trabalho – de corpos carregados pelo descanso e emoções do fim de semana. É algo reconfortante de observar.

Tenho o meu local de eleição para descansar, ler, tomar café, almoçar tardiamente e esse não mudo. Não é de certeza o mais barato da zona mas é o que maior paz interior me dá. O serviço é rápido, a vista é da barra da marina e a zona escolhida não tem nada que te possa incomodar. O Sol sentia-se bem e um ligeiro mudar de posição impunha-se de vez em quando. Ainda tenho a imagem mental do lindíssimo veleiro a entrar na barra, por volta das 19 horas, e a ultrapassar um barco mais lento enquanto o fazia. Parecia um barco de piratas, com uma enorme bandeira grega, a regressar a porto seguro.

Foi um domingo diferente.

Aquele abraço.

Henrique Milheiro da Costa Correia de Matos