O doce conforto de poder decidir…

Estava aqui a decidir se respondia ou não a um comentário provocador colocado no mural de alguém numa qualquer rede social. Não respondi…acho que todos têm direito a uma opinião e, por mais divergente que a minha seja, devo respeitar. É ainda e sempre o actual tema dos refugiados e é escrita por um jornalista que eu tenho como inteligente – não é o facto de termos uma opinião divergente que me fará mudar essa convicção – e chateia-me talvez mais por isso mesmo…por ter a certeza que alguém inteligente se deixou institucionalizar pelos media e se tornou mais um porta-voz deles…Mas as opiniões só são certezas quando os factos as comprovam logo…ambos podemos ter razão e tratar-se apenas e só de instinto. O debate pode degenerar em discussão e acabamos numa daquelas conversas que há habitualmente entre o sujeito que acredita que os aviões são perigosos e o que os utiliza habitualmente para viajar…de cada vez que há uma – cada vez mais rara – queda de um avião temos o descrente a dizer “Vês, eu bem te digo…”. São trocas de ideias demasiado futeis para se perder tempo.


A sensação que tenho das redes sociais é que a mentira será sempre usada enquanto houver inveja da verdade de outrem. Uma espécie de rumor dos tempos modernos…as pessoas quererão ver as suas opiniões, as suas refeições, os seus locais de férias, as suas indumentárias muito apreciadas e muitas, infelizmente, vivem em função do número de “Gostos” ou “Likes” que obtêm nas suas publicações (havendo por vezes, mesmo, um trabalho de Relações Públicas, por trás, que amplifica esse número e sustenta o ego). Da mesma maneira que recebem esse carinho não contribuem com qualquer interacção em murais alheios de maneira a não extrapolarem o número de apreciações sobre o modo de vida dos outros. Uma natureza “eu quero que adorem o que eu faço mas não teço considerações sobre o modus operandi do que os outros fazem” que leva a que os outros deixem de interagir com esse alguém. É a antítese da sociedade global pela qual todos deveríamos lutar…É uma opinião, a minha. Já sei que vais discordar….:)

Verdade seja dita que as redes sociais permitiram uma aproximação das pessoas. O contacto está à distância de um clique e, de uma maneira muito simples e rápida, podemos estar em contacto com quem desejamos. Temos a possibilidade de trocar experiências e conhecimento com gente dos antípodas de onde nos encontramos e planear muito melhor uma viagem – por exemplo – com a ajuda de gentes locais que sabem muito mais do que aquilo que o Google consegue descobrir. E é assim que vou fazendo os roteiros das minhas viagens – com uma “cunha” à pessoa que vive mais perto do local e que me pode corrigir as imprecisões de turista e fazer de mim um viajante. Sem elas não teria conhecido locais que conheci, pessoas com quem interagi (concordando ou discordando), o contacto permanente com a família em Portugal e a possibilidade de os avisar de cada vez que dou “um salto” a um local diferente – não que eles achem estranho (porque já conhecem a minha natureza) mas porque sinto que lhes devo esse conforto.

Cada vez mais sinto que escrever é o melhor exercício de auto-estima. Agora vou passear por Atenas e sentir na pele os 24 graus celsius.

Aquele abraço.

Henrique Milheiro da Costa Correia de Matos