Aquela pergunta…

Não gosto quando me fazem aquela pergunta! Muito embora para alguns seja de fácil resposta eu não dou respostas fáceis e raramente não tento expandir para lá da pergunta feita. Seja: tenho um feitio complexo e talvez por isso nunca tenha dado apenas uma resposta mas sim iniciado, quase sempre, um debate à volta da questão. Ora, afinal és um chato, dirão alguns…Não, não me considero chato (eu sei que sou suspeito ao afirmar isto) mas talvez apenas estejamos todos mergulhados num marasmo de respostas simples (Sim ou Não) e voltemos para o conforto do ecrãs do nosso smartphone, tablet, portátil ou computador…sem que o emissor mereça a consideração de uma resposta, de um pouco do nosso tempo…Emissor esse que até é, inúmeras vezes, aquele que mais procuramos no referido ecrã!

O tempo é-nos concedido mal nascemos – qual cronómetro regressivo que nunca sabemos quando chegará ao zero final – a pancada nas costas e o choro marcam o início da vida. Considero-o a maior dádiva que temos neste mundo e tento equilibrar as cedências que faço do meu tempo com pessoas que me ajudam a sorrir, a melhorar, a conhecer, etc…Em resumo: a fazer de mim alguém mais capaz perante mim, acima de tudo, e perante a sociedade. Pessoas que, respeitando o seu tempo da mesma maneira, escolhem despender comigo uma parte da dádiva que a elas lhes coube. Já me senti imensamente alegre e realizado com algumas pessoas e completamente destroçado e destruído com outras – mas esse é um processo de aprendizagem pelo qual, por vezes, temos que passar mais do que uma vez.

Não acredito em positivismo ou negativismo, não acredito em fugir de pessoas tristes com a vida para ir de encontro às alegres com ela. Acredito, acima de tudo, que cada um de nós tem força suficiente para tudo! Num mundo subjugado pelo dinheiro eu acredito na amizade sem interesse e enoja-me – sem que perca muito tempo com isso – o mundo de valores em que o rico é considerado intelectual e o “pobre” um infeliz e pessoa negativa. Sempre vi um melhor raciocínio no “pobre” que luta face ao rico que herdou o título de intelectual. Gosto de pessoas que lutam pelo intelecto que possuem face a pessoas que se aproveitam apenas de falhas do sistema.

Tenho fé – numa altura em cada vez mais a fé é contestada; de cada vez que é diferente daquela em que acreditamos – eu tenho fé em mim próprio e naqueles e naquelas que escolho para me rodearem. Acredito em mim e lutarei sempre por mim – nos momentos bons farei sorrir os outros e partilharei o segredo do meu sorriso e nos momentos maus não os farei chorar mas explicar-lhes-ei o porquê das lágrimas.

Não sou narcisista, mas tenho o meu orgulho e auto-estima. Evito perder tempo – mas estou longe de ser perfeito nesse capitulo – com trivialidades que inevitavelmente me encaminham para tormentas. Mas, sou de um país de descobridores, e as tormentas fazem parte da descoberta da boa esperança que todos desejamos e passamos a vida a procurar – incessantemente – e essa procura é a mais bela odisséia de todo o ser humano.

Por duas vezes na vida me perguntaram: gostas de viver nesta cidade? E eu, sem sequer recordar as duas cidades em que estava, respondi sempre: Adoro! Porquê? Porque o sítio é irrelevante quando se está com quem se ama. Talvez não devesse expandir para lá da pergunta feita…

Aquele abraço.

Henrique Milheiro da Costa Correia de Matos